Sábado, 22 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 28 de setembro de 2019
Em três anos, 18 matérias-primas essenciais à produção de medicamentos contra o câncer serão fabricadas no Brasil pelo laboratório Cristália. Com essa finalidade, a empresa construiu uma nova unidade de farmacoquímica oncológica em Itapira, no interior de São Paulo. Em operação há três meses, a unidade já produz seis IFAs (insumos farmacêuticos ativos). Mais três ativos estão em desenvolvimento nas bancadas da empresa.
Os ativos foram selecionados após um estudo que identificou as substâncias mais importantes e difíceis de fabricar. Uma delas é a cabergolina, destinada à terapia de um tumor epitelial benigno, o adenoma hipofisário, e de uma alteração conhecida por hiperprolactinemia idiopática. Os outros IFAs fabricados em escala industrial são ácido zoledrônico (câncer ósseo), bortezomibe (mieloma múltiplo), anastrozol (câncer de mama em mulheres após a menopausa), pemetrexede (câncer de pulmão e mesotelioma pleural) e temozolomida (tumores cerebrais e glioblastoma multiforme).
A fábrica suprirá a demanda do grupo, que já produz 53% dos insumos que utiliza, com excedente para exportação. Dados da Associação Brasileira de Insumos Farmacêuticos evidenciam que o País importou cerca de 10 bilhões de dólares em medicamentos e insumos farmacêuticos em 2018 e exportou apenas 1,8 bilhão de dólares, gerando um déficit de 8,2 bilhões de dólares.
Crescimento menos sofrido
Uma nova molécula do hormônio do crescimento humano está em fase final de desenvolvimento pelo laboratório Cristália, em parceria com uma emprese sul-coreana.
Sua principal característica é a metabolização mais lenta, que permitirá o uso de doses semanais ou a cada dez dias, dependendo do resultado dos testes em andamento. Hoje o tratamento ainda exige a aplicação de uma injeção diária.
“É um ganho terapêutico importante e inovador”, diz Ogari Pacheco, presidente e fundador do grupo.
No primeiro semestre de 2019, a empresa obteve o registro do primeiro hormônio do crescimento humano inteiramente desenvolvido e produzido no País. Biossimilares são substâncias feitas a partir de células animais usando tecnologia de DNA recombinante. O produto chegará em breve ao mercado. “Foram 12 anos de pesquisa”, comemora Pacheco.
Também conhecido como GH (do inglês growth hormone) e somatropina, o fármaco regula o crescimento físico e das células do organismo. A reposição é indicada para crianças com distúrbios de crescimento por produção endógena deficiente, crianças com baixo peso para idade gestacional, pessoas com síndromes de Turner ou de Prader-Willi, baixa estatura sem causa identificada e adultos com essa deficiência hormonal.