Quinta-feira, 24 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 12 de abril de 2017
Os delatores Henrique Pessoa Mendes Neto e Fabio Andreani Gandolfo, da Odebrecht, afirmaram à PGR (Procuradoria-Geral da República) que Fernanda Carreiro Roxo, sobrinha do presidente do TCU (Tribunal de Contas da União), Raimundo Carreiro, foi contratada pela empreiteira como “contrapartida a facilidades experimentadas” em processo da Corte que analisava as obras da usina de Angra 3.
O ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato no STF (Supremo Tribunal Federal), autorizou que Janot incluísse as delações em inquérito, já em curso, para apurar a participação de Carreiro e do advogado Tiago Cedraz, filho do ministro do TCU Aroldo Cedraz, por possível envolvimento em esquema de tráfico e de influência e corrupção no caso de Angra 3. A investigação foi motivada por declarações do dono da UTC, Ricardo Pessoa, que fechou acordo de colaboração antes da Odebrecht.
Pessoa disse ter pago R$ 1 milhão para Tiago atuar no caso de Angra 3 e que podia-se concluir que Carreiro seria destinatário desses recursos. Ele não relatou, contudo, tratativa direta com o ministro, que era relator de processo que avaliava irregularidades na licitação da obra de montagem eletromecânica da usina, de mais de R$ 2 bilhões. O consórcio da UTC era integrado também por Odebrecht, Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa.
A fase de pré-qualificação da concorrência havia sido suspensa temporariamente pelo TCU, após representação de um dos concorrentes. A decisão foi de Carreiro. Em 2012, no julgamento de mérito, embora a área técnica do tribunal recomendasse que a pré-qualificação fosse anulada definitivamente por causa de irregularidades no edital, Carreiro votou pela continuidade.
Essa medida interessava à UTC e às parceiras, já que seus concorrentes na licitação foram tirados do páreo. Carreiro foi acompanhado em seu voto pelos demais ministros presentes ao julgamento. Tiago também foi apontado pelos delatores da Odebrecht como destinatário de R$ 1 milhão para dar “seguimento do processo de licitação” de Angra 3.
Carreiro informou nesta terça-feira, por meio de sua assessoria, que nunca manteve contato com qualquer pessoa da citada empresa (Odebrecht). Tiago foi procurado, por meio de sua assessoria, mas o Estado ainda não obteve retorno. (AE)