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Brasil Em um ano, 1 em cada 4 brasileiros relata uso de antibiótico sem receita

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Cerca de 2,1% dos participantes revelaram ainda usar medicações disponíveis em casa ou as sobras de amigos e familiares. (Foto: Divulgação)

Um levantamento divulgado pela Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) aponta que quase 25% dos brasileiros tomaram antibióticos sem prescrição médica no último ano. Cerca de 30,1% dos entrevistados relataram tomar antibióticos sempre que ficam doentes ou várias vezes ao ano e apenas 61,3% disseram consultar um médico antes de usar esse tipo de remédio.

O levantamento, realizado com quase 400 participantes com 18 anos ou mais das cinco regiões do País, traz ainda outro dado preocupante: 27% dos que relataram usar antibióticos conseguiram a medicação sem receita, em farmácias menores e de bairro, e outros 15,3% em farmácias de rede. Esses casos contrariam a obrigatoriedade de apresentar a prescrição do médico para adquirir o produto, prevista desde 2010, e mostram a necessidade de incremento na fiscalização, segundo especialistas.

Cerca de 2,1% dos participantes revelaram ainda usar medicações disponíveis em casa ou as sobras de amigos e familiares. Isso reacende a discussão da dispensa exata do número de comprimidos prescritos, como já é feito em outros países.

A reportagem entrou em contato com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que não respondeu durante a semana passada, e com a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), que preferiu não comentar o assunto.

Resistência antimicrobiana

O levantamento tem limitações, como o número de entrevistados e o uso de questionários pela internet, mas é importante por alertar sobre algo que os infectologistas já desconfiavam: o uso sem prescrição de antibióticos ocorre e precisa ser combatido, principalmente em um momento no qual a resistência antimicrobiana (RAM) é uma das principais ameaças no mundo.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a RAM ocorre quando bactérias, vírus, fungos e parasitas mudam ao longo do tempo e não respondem mais aos medicamentos. “Se a pandemia de covid-19 foi um incêndio devastador, daqueles que a gente vê na Califórnia, que por onde passa destrói tudo e fica claro o impacto que tem na vida da gente, a resistência bacteriana é aquele fogo que queima de maneira ininterrupta e vai queimando toda a floresta de maneira devagar e contínua, mas passa de maneira despercebida pela população”, afirmou a infectologista Ana Guedes, coordenadora do comitê de resistência antimicrobiana da SBI.

No fim de setembro deste ano, pesquisadores do Global Burden of Disease (GBD), maior e mais abrangente esforço para quantificar a perda de saúde em diferentes lugares do mundo, publicaram na respeitada revista científica The Lancet a estimativa de vidas ceifadas pela resistência antimicrobiana. Em 2021, estima-se que ela foi responsável por 1,14 milhão de mortes atribuíveis (quando o paciente morre da infecção resistente) e 4,71 milhões associadas (ou seja, o paciente morre com a infecção resistente). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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https://www.osul.com.br/em-um-ano-1-em-cada-4-brasileiros-relata-uso-de-antibiotico-sem-receita/ Em um ano, 1 em cada 4 brasileiros relata uso de antibiótico sem receita 2024-11-25
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