Segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 15 de setembro de 2018
Depois de perder metade de seus eleitores em um mês, a presidenciável Marina Silva (Rede Sustentabilidade) deve mudar a sua estratégia de campanha, na tentativa de voltar a se mostrar competitiva na disputa pelo segundo lugar.
No levantamento divulgado nesta sexta-feira pelo instituto Datafolha, a ex-senadora oscilou mais três pontos percentuais para baixo, de 11% para 8%. A queda livre nas pesquisas eleitorais indicou que ela foi a ambientalista a principal prejudicada com a recente entrada de Fernando Haddad (PT) no páreo, herdeiro de votos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A presidenciável resiste a mudanças drásticas na abordagem do eleitorado. Mas os estrategistas da campanha insistem que ela precisa aumentar o tom das críticas ao candidato do PDT, Ciro Gomes, que aparece numericamente empatado com Fernando Haddad (PT) na segunda posição.
Integrantes da cúpula da Rede defendem que Marina confronte a proposta de maior apelo popular apresentada pelo pedetista até agora: financiar a dívida dos brasileiros inscritos no SPC (Serviço de Proteção ao Crédito). A ideia é de que Marina precisa pregar que a proposta estimula a inadimplência. O seu grupo de economistas costuma defender medidas mais fortes de ajuste fiscal.
O resultado das pesquisas também indica o fracasso da principal estratégia da candidata da Rede até agora, o foco nas mulheres em seus discursos. Marina, porém, deve manter o tom. Quando questionada sobre o tema, diz que seu discurso não é uma estratégia eleitoral, mas um compromisso de vida.
Nordeste
A candidata também deve passar mais tempo no Norte e no Nordeste. Em um mês de campanha, ela passou apenas cinco dias em cidades dessas regiões. Em duas dessas visitas, não fez caminhadas na rua. A falta de estrutura é uma das razões apontadas pela campanha. Mesmo em São Paulo, cidade que mais visitou, ela tem dificuldade em atrair grande número de pessoas para suas agendas.
“O que aconteceu é que a campanha partidária entrou na rua e os outros candidatos tem partidos mais estruturados”, frisou uma fonte. “O Ciro, por exemplo, tem muitos acordos nos estados, isso falta para a gente e isso a gente sente, fica claro que quando chegou na (campanha de) rua isso nos faltou, a estrutura partidária.”
Logo após o atentado a Jair Bolsonaro, a reação inicial de auxiliares da campanha foi a de que o candidato do PSL seria beneficiado pela comoção do eleitorado. O núcleo-duro de Marina, no entanto, não esperava o tamanho da queda de sua candidata: alguns estrategistas acreditavam até que a ex-senadora poderia ganhar com a busca dos eleitores por um candidato mais conciliador, o que não ocorreu.
Para piorar, Marina viu seu eleitorado migrar para os adversários e deixar o comando da campanha perplexo com dois fatores: não só o fracasso em convencer mulheres a votar na ambientalista, como também o aumento de sua rejeição (de 25% para 30% em uma semana).
“Nossas diretrizes programáticas são as melhores, mas nossa mensagem não está fixando nos eleitores. Então, vamos focar em no máximo cinco temas e seremos mais incisivos e claros – defende o porta-voz da Rede Sustentabilidade, Pedro Ivo Batista.
Marina deve focar a partir de agora em cinco grandes assuntos, de acordo com a campanha: educação, segurança, desemprego e ética na política. A ex-senadora fala bastante sobre eles, mas a campanha quer que as declarações sejam mais claras e contemplem propostas sobre as áreas. Nesse esforço de melhorar a comunicação, a campanha também vai explorar mais a imagem do vice Eduardo Jorge, que é popular nas redes sociais.
Uma das inserções que serão veiculadas destaca o papel do vice na formulação do SUS (Sistema Único de Saúde), além de destacar o economista Ricardo Paes de Barros, um dos pais do Bolsa-Família, e André Lara Resende, do grupo que desenhou o Plano Real.
Houve cobrança, principalmente, para que as redes sociais fossem mais utilizadas. Com 21 segundos de propaganda por bloco do horário eleitoral gratuito, o desempenho de Marina na internet era visto como uma alternativa que atraísse eleitores, principalmente os mais jovens.
A campanha também investe na participação de voluntários. No entanto, os dados de crescimento de seguidores apresentou um cenário preocupante desde o início da campanha eleitoral: a candidata está alcançando menos interessados do que outros concorrentes com menos estrutura, como Álvaro Dias.