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Brasil Em uma carta enviada da prisão para um ato público pelo Dia do Trabalho, Lula disse que “a democracia está incompleta no Brasil”

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Mensagem foi lida pela senadora Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT. (Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

Em uma carta enviada da prisão para o ato público realizado nessa terça-feira em Curitiba (PR) pelo Dia do Trabalho, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que a “democracia está incompleta no Brasil”. Com a participação de integrantes de movimentos sociais, militantes políticos e presidenciáveis, o evento foi organizado por centrais sindicais e teve como motes a defesa do líder petista e a oposição à reforma trabalhista do governo de Michel Temer.

“É com tristeza que vivemos um momento onde a nossa democracia está incompleta, com um presidente que não foi eleito pelo povo no poder”, escreveu Lula na mensagem, lida pela senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), presidente nacional do partido.

O político que governou o País por dois mandatos consecutivos (2003-2010) destacou números sobre o desemprego, que “cresce e humilha o pai de família e a dona de casa”, e classificou a reforma do setor como “o mais duro golpe nos direitos conquistados pelos trabalhadores ao longo do século 20.”

A exemplo do que vinha fazendo em seus discursos nos meses que precederam a sua prisão (no dia 7 do mês passado), Lula buscou despertar a memória dos governos petistas com a sua carta, mencionando o que chamou de “prosperidade do Brasil naqueles tempos.”

Ao fim da leitura, Gleisi reafirmou que o PT lançará Lula como candidato a presidente. Além de estar preso, o petista corre o risco de ficar inelegível. Mesmo assim, ele continua liderando as pesquisas de intenção de voto nos cenários em que o seu nome aparece como eventual participante da disputa. “Se alguém falar de ‘plano B’ para vocês, não acreditem”, bradou a parlamentar.

Mais cedo, o ex-governador baiano Jaques Wagner, também do PT, havia dito que não descarta que o partido lance um nome para vice-presidente de uma chapa encabeçada por nome de outra legenda, caso Lula não possa disputar a eleição.

Vaias

O ato em Curitiba foi idealizado para ser uma demonstração de unidade das centrais sindicais e de alguns presidenciáveis em torno da defesa de Lula e do combate à reforma trabalhista. Faltou combinar, porém, com o público, que não poupou vaias durante o discurso de Aldo Rebelo, pré-candidato do Solidariedade.

Ele foi ministro de Relações Institucionais no primeiro mandato de Lula e comandou as pastas de Esportes, Ciência e Tecnologia e Defesa nos dois governos de Dilma Rousseff (2011-2016), mas a militância presente não perdoou o fato de ele agora integrar um partido que apoiou o impeachment da petista.

Apesar do histórico de ligação com os governos petistas e de fazer um curto discurso defendendo Lula, Aldo foi vaiado do início ao fim em um discurso de cerca de quatro minutos, além de ter sido chamado de “golpista”. Levantando a voz para duelar com a vaia, o presidenciável desafiou os presentes.

“Se nós não somos capazes de manter a tolerância em um ato como esse, nós não temos autoridade para pedir a unidade do povo brasileiro em defesa dos trabalhadores e da democracia”, rebateu. “Se não somos capazes de manter a unidade em um ato como esse, que autoridade nos restará para apelar às forças mais amplas do País para impedir a escalada do fascismo? Isso ameaça as conquistas e os direitos democráticos do povo.”

O Solidariedade é ligado à Força Sindical e o presidente do partido é o mesmo da central sindical. Trata-se do deputado federal paulista Paulinho da Força, apoiador de primeira hora do impeachment de Dilma, em 2016. “A Força Sindical do Paraná não é a do Paulinho”, disse a presidente da CUT no Estado, Regina Cruz, tentando conter parte do público que também vaiou falas de integrantes da Força.

Além de Aldo Rebelo, os outros presidenciáveis que participaram do ato em Curitiba foram Guilherme Boulos (PSOL) e Manuela D’Ávila (PCdoB). Ambos também fizeram curtos discursos em que marcaram sua oposição às reformas propostas pelo governo Temer e defenderam a liberdade de Lula.

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