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Em uma sociedade cada vez mais polarizada, com as divergências se transformando em barreiras intransponíveis, entidades internacionais e brasileiras lançam o projeto “O Brasil Fala”

A proposta tem o objetivo de servir de ponte de diálogo entre pessoas com visões políticas opostas. (Foto: Divulgação)

Em uma sociedade cada vez mais polarizada, na qual as divergências políticas se transformam em barreiras praticamente intransponíveis, entidades internacionais e brasileiras lançam o projeto “O Brasil Fala”. A proposta tem o objetivo de servir de ponte de diálogo entre pessoas com visões políticas opostas.

O projeto, que será executado no Brasil pelo Instituto Sivis, surgiu como tentativa de resposta às bolhas digitais que, segundo pesquisas, têm afetado negativamente a qualidade das democracias mundo afora. Isso ocorre porque os algoritmos das redes sociais costumam reforçar a visão de mundo do usuário, ao mesmo tempo que impulsionam desinformação e discurso de ódio.

O projeto já foi realizado em diversos países, como Alemanha, Tailândia e Estados Unidos. A iniciativa promoveu mais de 90 mil conversas entre pessoas com opiniões opostas. Diretor de Relações Institucionais do Instituto Sivis, Jamil Assis afirmou que a ideia de trazer o projeto para o Brasil surgiu a partir de pesquisas sobre iniciativas internacionais de combate à polarização.

“Nosso principal objetivo é trazer esperança às pessoas, mostrando que é possível dialogar com o outro lado, em vez de apenas acusá-lo”, disse Assis, acrescentando que as eleições municipais tendem a elevar a polarização no País.

“Em um momento em que as redes sociais isolam as pessoas em bolhas e alimentam a polarização através de monólogos inflamados, o projeto ‘O Brasil Fala’ surge como uma rara iniciativa prática de conectar milhares de brasileiros em um diálogo aberto e desarmado, acima das divisões políticas, em busca de pontos comuns entre quem pensa diferente”, disse o diretor de Jornalismo do Grupo Estado, Eurípedes Alcântara.

O projeto “O Brasil Fala” vai promover conversas entre indivíduos de lados opostos do espectro político via chamadas de vídeo em um aplicativo desenvolvido pela Universidade de Stanford. Os encontros são sempre entre dois participantes. Pesquisadores de Harvard e Stanford demonstram que os encontros do “My Country Talks” são eficazes para aumentar a tolerância entre indivíduos com posicionamentos divergentes.

“Realizamos eventos semelhantes com participantes de mais de cem países e o feedback é muito positivo: mais de 90% de nossos participantes participariam de outro evento. Mais de 80% ficaram felizes com sua conversa e mais de 60% disseram que manteriam contato com seu parceiro”, disse o pesquisador de Stanford Adrian Blattner. “Também perguntamos aos participantes se o parceiro surpreendeu ou mudou sua opinião sobre algum dos tópicos, e 55% disseram que sim. Embora não seja nosso objetivo mudar a opinião de ninguém, é um sinal positivo da abertura e atitude construtiva que as pessoas trazem para essas conversas.”

A iniciativa chega ao País em uma conjuntura particularmente difícil. Pesquisa da AtlasIntel de março mensurou o nível de polarização entre os brasileiros. Segundo o estudo, apenas 11,4% não se consideram antipetista, antibolsonarista, petista ou bolsonarista. Ou seja, 88,6% dos brasileiros estão polarizados entre os dois principais movimentos políticos do País.

Além disso, a pesquisa concluiu que a filiação partidária é o principal motivo de conflito entre os brasileiros, seguido por divergências religiosas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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