Quinta-feira, 21 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 7 de abril de 2021
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) criticou nesta quarta-feira (7) a adoção de medidas restritivas para tentar frear o avanço da doença no Brasil e afirmou que não haverá um lockdown nacional. A declaração foi dada durante uma visita a Chapecó, no Oeste de Santa Catarina.
As ações para restringir a circulação de pessoas têm sido defendidas por autoridades sanitárias para enfrentar a pandemia no País, que vive seu maior pico e responde hoje por um em cada três mortos pelo novo coronavírus no mundo.
“Seria muito mais fácil a gente ficar quieto, se acomodar, não tocar nesse assunto, ou atender, como alguns querem, que eu posso fazer, o lockdown nacional. Não vai ter lockdown nacional”, afirmou Bolsonaro.
Para ele, é preciso buscar “alternativas” às medidas de distanciamento social, como o fechamento do comércio. “Vamos buscar alternativas, não vamos aceitar a política do fique em casa, feche tudo, lockdown. O vírus não vai embora. Esse vírus, como outros, vieram pra ficar, e vão ficar a vida toda. É praticamente impossível erradicá-lo”.
Na visita a Chapecó, cidade comandada pelo prefeito João Rodrigues (PSD), que tem discurso alinhado ao de Bolsonaro em relação à pandemia, nenhuma medida nova foi anunciada.
Bolsonaro estava acompanhado dos ministros Marcelo Queiroga (Saúde), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Onyx Lorenzoni (Secretaria Geral) e Carlos França (Relações Exteriores).
No encontro, o presidente discursou a favor do chamado “tratamento precoce”, com o uso de medicamentos sem eficácia comprovada contra a doença e que, segundo a Associação Médica Brasileira, deveriam ter seu uso contra a covid banido.
“Eu não sei como salvar vidas, eu não sou médico, não sou enfermeiro, mas eu não posso escolher a liberdade do médico ou até mesmo do enfermeiro. Ele tem que buscar uma alternativa para isso”, afirmou.
Por diversas vezes na sua fala, o presidente reiterou que os médicos tenham autonomia e liberdade para escolher o tratamento a ser aplicado, inclusive com medicamentos sem comprovação para a doença.
“Não podemos admitir impor limites ao médico. Se o médico que não quer receitar aquele medicamento, que não receite. Se outro cidadão qualquer acha que aquele medicamento não está errado… não está certo porque não tem comprovação científica, que não use, é liberdade dele. O off-label, fora da bula, é o remédio ‘pro’ paciente. Hoje, têm aparecido medicamentos que ainda não estão comprovados, que estão sendo testados, e o médico tem essa liberdade. Tem que ter. É um crime querer tolher a liberdade de um profissional de saúde”, disse.
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, foi na mesma linha do presidente. Ele relacionou a autonomia dada aos médicos à recuperação dos pacientes e disse que Chapecó poderia servir de exemplo.
“Aqui em Chapecó, no Estado de Santa Catarina, que tem um sistema muito organizado, nós podemos ter um exemplo que é possível conciliar a autonomia do médico com a recuperação dos nossos pacientes”, afirmou.
Sem mencionar o colapso no sistema de saúde local, o prefeito da cidade, ao discursar, disse que o vírus estava “sob controle” e omitiu que o município chegou a suspender as atividades não essenciais por duas semanas em fevereiro.
Aceleração
Apesar dos elogios do ministro e de Bolsonaro pelo trabalho de combate ao coronavírus, a cidade de Chapecó soma mais mortos pela covid-19 do que a média nacional e estadual. A taxa de mortalidade por 100 mil habitantes da doença no município é de 240,6, enquanto no Brasil é de 160,3. Já em Santa Catarina, o índice está em 161,2. Os dados são do Ministério da Saúde desta quarta.