Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 10 de novembro de 2023
Bolsonaro esteve com o embaixador Daniel Zohar Zonshine, no Congresso, em encontro com parlamentares de oposição.
Foto: Elaine Menke/Câmara do DeputadosA Embaixada de Israel no Brasil divulgou uma nota informando que não convidou o ex-presidente Jair Bolsonaro a uma reunião com parlamentares. Nessa quarta-feira (8), Bolsonaro esteve com o embaixador Daniel Zohar Zonshine, no Congresso, em encontro com parlamentares de oposição.
“A reunião de ontem [quarta] no Congresso Nacional teve como intenção mostrar as atrocidades do 7 de outubro cometidas pelos terroristas do Hamas. Um material muito bruto e sensível. Convidamos parlamentares e apenas parlamentares. A presença do ex-presidente não foi coordenada pela Embaixada de Israel e não era de nosso conhecimento antes da reunião”, diz a embaixada.
A Embaixada também agradeceu ao governo brasileiro e a Polícia Federal (PF) por ter desarticulado o grupo que estaria envolvido em um ataque terrorista contra judeus no Brasil.
“Gostaríamos também de agradecer às autoridades brasileiras pelo sucesso da operação para evitar os ataques terroristas que teriam sido planejados aqui pelo Hezbollah”, diz a nota da embaixada.
A PF prendeu duas pessoas nesta semana suspeitas de ligação com o Hezbollah no Brasil. A PF também cumpriu 11 mandados de busca em Brasília, São Paulo e Minas Gerais.
Segundo a investigação, os brasileiros preparavam atos de terrorismo no Brasil, com focos em ataques a prédios da comunidade judaica. Em Minas Gerais, foram cumpridos 7 mandados de busca e apreensão; no Distrito Federal, 3; e em SP, 1 de busca e 2 de prisão temporária. Um dos presos de São Paulo foi detido ao desembarcar de uma viagem ao Líbano.
O posicionamento do embaixador ocorreu após críticas do governo federal e da base aliada do presidente Lula em relação aos comentários feitos por Zonshine nos últimos dias. Ele chegou a dizer que “o interesse do Hezbollah em qualquer lugar do mundo é matar os judeus. Se escolheram o Brasil, é porque tem gente que os ajuda”.
Zonshine afirmou ainda que há fugitivos vindos de países do Oriente Médio na tríplice fronteira entre o Brasil, a Argentina e o Paraguai, em busca de apoio financeiro às atividades do Hezbollah.
O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos Rodrigues, classificou a colocação do diplomata como uma “surpresa negativa” que gerou “mal-estar” na corporação.
“Foi uma surpresa negativa, uma vez que historicamente há relações entre Brasil e Israel. Eu repudio completamente. (…) Causa mal-estar a maneira como está sendo explorado um trabalho técnico [o da PF] e que tem como únicas balizas a Constituição do Brasil e as leis brasileiras”, disse.