Terça-feira, 12 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 26 de julho de 2023
Suresh K. Reddy participou de evento com industriais na sede da Fiergs.
Foto: Dudu LealCom uma população de 1,4 bilhão e um PIB próximo dos US$ 3 trilhões, a Índia precisa ser vista não apenas como um grande mercado consumidor, mas também com o que tem a oferecer como importante parceiro comercial para empresas brasileiras, destaca o embaixador do país asiático no Brasil, Suresh K. Reddy. Ele foi recebido na Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) pelo presidente Gilberto Porcello Petry e participou, nesta segunda-feira (24), do evento Índia-Rio Grande do Sul – Oportunidades de Negócios, na sede da entidade.
Segundo Reddy, em um país cuja economia cresce rapidamente, e que até o ano de 2025 deverá ser a segunda do mundo, atrás apenas da China, “é uma janela de oportunidades” que não deve ser desprezada pelo empresário brasileiro. O embaixador cita grandes multinacionais indianas, como a Tata e a Mahindra, esta última com uma fábrica de implementos agrícolas instalada em Dois Irmãos, no Rio Grande do Sul, como exemplos de indústrias altamente tecnológicas e que têm unidades no Brasil. Somente a classe média indiana, salienta o embaixador, composta por cerca de 300 milhões de pessoas, é maior do que a população brasileira, mas o país não é apenas um grande consumidor de geladeiras, diz.
Em sua fala, Reddy mostrou as diferentes oportunidades que a Índia pode proporcionar. Atualmente, o país investe muito em infraestrutura física e conclui 35 quilômetros de estradas asfaltadas diariamente. Será US$ 1,4 trilhão a ser gasto em infraestrutura nos próximos cinco anos. “Viemos aqui para buscar parceiros e identificar mercados, somos a economia do G20 que cresce mais rapidamente, o potencial de cooperação é imenso”, disse, lembrando ainda que a Índia fabrica os trens de alta velocidade Vande Bharat e irá lançar uma espaçonave para a lua nos próximos anos.
Suresh K. Reddy destacou que a Índia tem deficiência em madeira, e que dos US$ 2,27 bilhões importados mundialmente, apenas US$ 75 milhões vêm do Brasil. Ele lembrou também de outros produtos bastante adquiridos pela Índia, como talheres e frutas frescas, cuja participação brasileira é mínima e há condições de ser ampliada.
Para o presidente da Fiergs, a Índia é um dos países que mais investe em tecnologia, e o Rio Grande do Sul possui um sistema empreendedor robusto e uma sólida base industrial. “Ambos possuem na inserção internacional um aspecto importante do desenvolvimento, e o atual cenário traz grandes oportunidades. Nesse sentido, quero assinalar o compromisso desta Casa para a consolidação do Acordo de Comércio Preferencial estabelecido entre o Mercosul e a Índia”, afirmou Gilberto Porcello Petry.
Em 2022, a corrente de comércio entre o Brasil e a Índia superou os US$ 15 bilhões, um incremento de 31,4% na comparação com o ano anterior. Nas trocas com o Rio Grande do Sul, a corrente ultrapassou os US$ 917 milhões, uma elevação de 90,8% sobre o ano de 2021. A índia é o 10º destino das exportações brasileiras, e o quinto país de origem das importações.
Já o segundo secretário da embaixada, Suraj Anantha Jadhav, afirmou que a razão para o crescimento da Índia nos últimos anos se deve, basicamente, ao alto investimento do país na educação, especialmente a de nível superior. Hoje, o país forma 200 mil engenheiros por ano, suprindo, em muitos casos, as demandas de empresas de diferentes países.
O evento ainda apresentou os depoimentos do diretor da Perto S.A., Jose Luis Korman; e do diretor de negócios internacionais da Marcopolo, José Luiz Goes; duas empresas gaúchas que há décadas mantêm negócios na Índia. Já o COO (Chief Operating Officer) da Mahindra Brasil, Anderson Melo, falou sobre as atividades da indústria no Brasil, que desde 2016 possui sua planta em Dois Irmãos. Anderson adiantou que, dentro de no máximo 15 dias, será anunciada a cidade onde ficará localizada a nova fábrica da empresa, com 14 mil metros quadrados de área construída no Rio Grande do Sul.
O coordenador do Conselho de Comércio Exterior (Concex) da Fiergs, Aderbal Lima, mediou os debates. O evento teve ainda a participação do secretário de Desenvolvimento Econômico do Rio Grande do Sul, Ernani Polo, e do vice-presidente do Centro das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Ciergs), Mauro Bellini.