Domingo, 19 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 5 de fevereiro de 2023
O embaixador da União Europeia no Brasil, Ignacio Ybáñez, compartilhou em sua conta no Twiter, um artigo crítico à postura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação a regimes autoritários de esquerda em seus últimos discursos desde que assumiu a Presidência, em janeiro deste ano.
O diplomata retuitou um artigo do colunista Demétrio Magnolli no qual ele analisa o discurso do presidente na Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac). No texto, publicado na “Folha” desse domingo, o jornalista e sociólogo aponta a falta de crítica por parte de Lula aos regimes da Venezuela, Cuba e Nicarágua.
Magnolli afirma que o presidente desperdiçou a “oportunidade de levantar a voz por eleições livres na Venezuela, uma abertura política em Cuba e o fim da selvagem repressão do regime de Ortega na Nicarágua”. Ybáñez postou o artigo nas redes sociais e destacou o verso “O tempo passou na janela e só Carolina não viu”, de Chico Buarque, citado no artigo de Demétrio Magnolli.
Após e publicação desta reportagem, o embaixador enviou uma nota à imprensa afirmando que o fato de ter compartilhado o artigo com o comentário não significa que ele endossa a crítica a Lula. “Em relação às notícias que apareceram, eu gostaria de ressaltar que em minha conta pessoal no Twitter eu tenho o hábito de “retuitar” as opiniões de outras pessoas que não são necessariamente as minhas. Isso foi o que eu fiz ao “retuitear” o artigo mencionado. Tirar de lá uma opinião ou uma crítica específica não corresponde à realidade”.
Guerra na Ucrânia
O episódio ocorre num contexto de posições distintas do governo Lula e da União Europeia acerca da guerra na Ucrânia. Lula adotou uma postura diferente dos europeus em relação à guerra na Ucrânia, se recusando a enviar munições para o país combater as forças russas.
“Alguma coisa tem que ser mudada. Não podem algumas coisas que estão lá. Temos que ser flexíveis, e eles também. Uma coisa que para nós é muita clara é (a questão das) compras governamentais. É uma forma de fazer crescer pequenas e médias empresas com investimento do governo. Estaríamos jogando fora uma forma de desenvolver essas empresas (se fossemos impedidos)”, disse Lula.
As posições do governo brasileiro sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia causam mal-estar entre membros da UE, que consideram que o Brasil — tanto com Bolsonaro antes, como com Lula agora — deveria ser mais firme em sua condenação aos ataques russos e tudo o que eles causam na Ucrânia e no resto da Europa.
Existe a percepção de que o governo Lula não entendeu, ainda, a gravidade da situação e mantém uma atitude de compreensão em relação às ações do governo de Vladimir Putin que é considerada inadmissível pela UE. Na semana passada, Lula recebeu o chanceler alemão, Olaf Scholz, no Palácio do Planalto. Segundo fontes do bloco europeu, Scholtz saiu, nesse aspecto, preocupado com a posição brasileira.
Lula começou o seu governo tentando retomar a presença do Brasil nas agendas e negociações internacionais. Para isso, realizou logo em janeiro as suas primeiras viagens internacionais para a Argentina e Uruguai. Lá, Lula e o presidente da Argentina, Alberto Fernandéz, anunciaram que estão empenhados em avançar nas “discussões sobre uma moeda comum sul-americana”.
O presidente brasileiro também tenta se aproximar da Europa. Em Montevidéu, o petista se comprometeu a acelerar o acordo entre União Europeia e o Mercosul Na ocasião, Lula afirmou que o acordo de comércio deve ser fechado até julho deste ano.