Sexta-feira, 31 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 9 de novembro de 2022
O ex-jogador da seleção do Catar e embaixador da Copa do Mundo Khalid Salman chamou a homossexualidade de “dano mental” em uma entrevista a uma televisão alemã. Ele também ressaltou que o país tolerará os turistas homossexuais no período da competição, mas que precisam se adaptar às regras locais.
“Durante a Copa, muitas coisas virão para o nosso país. Vamos falar de gays, por exemplo. Mas o mais importante é que todos aceitarão que eles venham aqui. No entanto, eles precisarão aceitar nossas regras”, afirmou Salman.
Na entrevista, abruptamente interrompida após os comentários, Salman acrescentou que a homossexualidade é “haram”, um pecado proibido no Islã.
“Eles têm de aceitar as nossas regras aqui (…) Isso é ”haram” (pecado no Islã, religião articulada pelo Alcorão, que prepondera no Catar). É “haram” porque é danoso para a mente”, declarou.
Desde antes de eleito para sediar a Copa do Mundo de 2022, o país recebe constantes críticas por seu histórico de desrespeito aos direitos humanos, incluindo o tratamento aos trabalhadores migrantes, as mulheres e à população LGBTQIA+.
A fala de Salman já provocou reações.
“Obviamente, esses comentários são terríveis”, declarou a ministra de Interior da Alemanha, Nancy Faeser, que visitou o Catar há uma semana. Durante a visita, Faeser cobrou do primeiro-ministro do emirado “garantias de segurança” para os torcedores LGBTQIA+. Ela já havia declarado que a sede da Copa do Mundo no Catar era algo “muito sensível” do ponto de vista de Berlim, o que levou Doha a convocar o embaixador alemão para consultas.
Jogadores e torcedores também têm se manifestado contra a repressão do Catar à população LGBTQIA+.
Os capitães de seleções europeias como Inglaterra, França e Alemanha, vão usar braçadeiras com as cores do arco-íris e a mensagem “One Love” numa campanha antidiscriminação. Já torcedores nos estádios da Alemanha pediram boicote à Copa do Mundo durante partidas no país no último final de semana.
No Catar, o Código Penal proíbe a homossexualidade para homens e mulheres. Porém, ao lado da FIFA, afirma que todos serão bem-vindos ao país para a Copa do Mundo 2022.
O país espera receber 1,2 milhão de visitantes internacionais durante o evento esportivo. A escolha do país em 2010 pela Fifa foi alvo de críticas e ceticismo. A Copa do Mundo de 2022 será disputada de 20 de novembro a 18 de dezembro.