Domingo, 22 de dezembro de 2024
Por Cristiano Pinchetti | 7 de junho de 2024
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Cada vez mais frequentes e mais devastadoras, as catástrofes naturais são um lembrete cruel da responsabilidade humana sobre as mudanças climáticas e o aquecimento global. O que antes era uma projeção futura tornou-se uma realidade gritante. Das enchentes avassaladoras às secas prolongadas, o mundo está testemunhando os efeitos nocivos do desequilíbrio ambiental.
A agropecuária, setor vital que alimenta o planeta, não está imune a essas consequências. De secas à enchentes, a crise climática também já está cobrando seu preço nos campos e pastagens, provocando desafios significativos para a produção de alimentos. Ao mesmo tempo, o setor (que é também um dos maiores consumidores de recursos naturais) traz consigo a responsabilidade – e cada vez mais condições – de se posicionar como grande protagonista em uma urgente revolução sustentável.
A população mundial cresce exponencialmente, e será fundamental conciliar o aumento da produção de alimentos com a preservação dos recursos naturais, garantindo a segurança alimentar das próximas gerações e a saúde do planeta. Isso só será possível com a priorização de novas práticas e tecnologias inovadoras que promovam a conservação dos recursos naturais, como água, solo e a biodiversidade.
Um caminho que passará, dentre outros avanços, pela substituição de insumos tradicionais por biológicos de alta eficiência, como biofertilizantes, biodefensivos e organismos benéficos do solo. Tecnologias que não apenas reduzem a dependência de produtos químicos tradicionais, mas também promovem a saúde do solo e a biodiversidade, contribuindo para a resiliência dos sistemas agrícolas.
A agricultura regenerativa será outra peça-chave para maior produtividade com redução de impactos negativos, investindo na regeneração de ecossistemas degradados, na promoção a saúde do solo e na redução da pegada de carbono sobre a produção de alimentos. Práticas como os sistemas agroflorestas, rotação de culturas e recuperação de pastagens não apenas mitigam as emissões de carbono, mas também aumentam a capacidade de armazenamento de carbono no solo, ajudando a combater as mudanças climáticas.
Somam-se a este processo os avanços brasileiros em pesquisa e desenvolvimento de inovação, além da adoção de tecnologias digitais e de inteligência artificial capazes de promover cada vez mais eficiência e sustentabilidade no campo. Ferramentas como sensores remotos, drones agrícolas e análise de big data já nos permitem uma gestão mais eficiente dos recursos, otimizando o uso de água, energia e insumos agrícolas.
Além disso, a inteligência artificial pode revolucionar a agricultura ao prever padrões climáticos, otimizar o planejamento de culturas e até mesmo ajudar na seleção genética de plantas mais resistentes às mudanças climáticas. Ou ainda, como temos já em campo com grande sucesso, o mapeamento e seleção genética de microrganismos benéficos parceiros, cada vez mais assertivos à saúde e vigor dos cultivos.
A transição para uma agropecuária sustentável é um processo desafiador, mas necessário para garantir a segurança alimentar e a preservação do meio ambiente. E o Brasil tem plenas condições de se tornar exemplo mundial nesta corrida. Através da adoção de tecnologias biológicas, práticas agrícolas inovadoras e políticas públicas adequadas, podemos construir um futuro onde a produção de alimentos esteja em harmonia com a natureza, com as cidades e com as vidas humanas. Das decisões que tomarmos hoje, dependerá o futuro da nossa alimentação e do nosso planeta. O tempo para agir é agora!
Cristiano Pinchetti – CEO Latam da Indigo AG
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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