Sexta-feira, 07 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 6 de fevereiro de 2025
“Emilia Pérez”, filme do diretor francês Jacques Audiard e protagonizado pela atriz espanhola Karla Sofía Gascón, estreou nessa quinta-feira (6) nos cinemas brasileiros. A narrativa mistura vários gêneros, com segmentos musicais, e conta a história de Rita (Zoë Saldaña), uma advogada de um grande escritório que recebe uma inesperada proposta: o líder de um temido cartel, Manitas (Gascón), a contrata para ajudá-lo a se retirar de seu negócio e realizar um plano que vem preparando secretamente há anos: tornar-se a mulher que ele sempre sonhou ser.
A produção se tornou um dos grandes destaques no Oscar 2025, depois de ter ganhado, em 2024, o Prêmio do Júri do Festival de Cannes. Foram 13 indicações ao Oscar, incluindo as categorias de Melhor Filme, Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz. Com isso, “Emilia Peréz” é o principal concorrente de “Ainda estou aqui”, filme de Walter Salles, estrelado por Fernanda Torres e Selton Mello.
Além disso, Emilia Pérez conquistou outra importante marca: Karla Sofía Gascón é a primeira mulher trans a ser indicada ao Oscar. Tudo ia bem: o filme francês, passado no México, tinha tudo para se tornar símbolo do enfrentamento do novo governo de Donald Trump, uma resposta da Academia do Oscar ao republicano.
No entanto, a campanha do filme pelos prêmios degringolou quando Gascón acusou Fernanda Torres de estar lhe atacando. Além disso, tuítes antigos da atriz foram expostos na rede. Gascón, então, passou a ser acusada de racismo e intolerância religiosa. Ela apagou a maioria dos tuítes e, logo em seguida, deletou sua conta na plataforma. Em entrevista à rede CNN, ela se defendeu. “Não sou racista”.
Quem também se manifestou foi a atriz Zoë Saldaña, que contracena com Karla Sofía Gascón no filme. Também nesta sexta, ela disse que está “triste” com os tuítes ofensivos da colega que foram resgatados nas redes sociais. “Ainda estou processando tudo o que aconteceu nos últimos dias, e eu estou triste”, disse a atriz durante uma sessão de perguntas e respostas em Londres.
Ela seguiu: “Não apoio [isso], e eu não tenho tolerância para qualquer retórica negativa direcionada a pessoas de qualquer grupo. Eu só posso atestar pela experiência que tive com cada indivíduo que fez parte, que faz parte, deste filme, e minha experiência e minhas interações com eles foram sobre inclusão, colaboração e equidade racial, cultural e de gênero. E isso apenas me entristece.”
Para a imprensa internacional especializada, esta fala poderia ser interpretada já como um contenção de dados.
Estereotipia
O diretor Jacques Audiard também contribuiu negativamente ao associar o espanhol, idioma no qual o filme é falado, a países subdesenvolvidos e a “imigrantes e pobres”.
O filme também foi acusado de apropriação cultural, transfobia e estereótipos dos mexicanos. Isso se refletiu em plataformas populares como o Letterboxd, onde o filme recebeu uma média de notas baixíssima.
De quebra, a Procuradoria Federal do Consumidor do México (Profeco, espécie de Procon) pediu explicações à rede de cinemas Cinépolis após consumidores abandonarem sessões do longa e solicitarem reembolso por insatisfação com o conteúdo apresentado. (Estadão Conteúdo)