Sexta-feira, 31 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 24 de julho de 2023
O empate sem gols entre França e Jamaica na primeira rodada do Grupo F da Copa do Mundo feminina 2023 trouxe alertas para a seleção brasileira. A exibição do repertório ofensivo das francesas e da intensidade da marcação jamaicana sinalizou um grupo em aberto, com três seleções brigando em pé de igualdade por duas vagas nas oitavas de final — o que aumenta a pressão por uma vitória diante da equipe panamenha, tida como a mais fraca da chave.
Liderada pela atacante Khadija Shaw, jogadora do Manchester City, a Jamaica assustou a França enquanto teve fôlego para pressionar a saída de bola adversária e buscar avanços rápidos na direção do gol.
No primeiro tempo, em vez de esperar a favorita França em seu campo de defesa, a Jamaica somou nove desarmes e recuperações de bola no setor ofensivo, quase sempre acionando a velocidade de Shaw na sequência. Na melhor chance da Jamaica, em uma falta de longa distância que levou perigo, Shaw mostrou que as defesas adversárias terão que se manter atentas não só quando estiver perto da área.
A intensidade na marcação, por outro lado, expôs a Jamaica a cartões e lances de bola parada que mostraram os pontos fracos da equipe dirigida pelo técnico Lorne Donaldson.
Shaw acabou punida com dois cartões amarelos, em tentativas de apertar a defesa da França, e recebeu o vermelho, tornando-se desfalque para a Jamaica na segunda rodada, contra o Panamá – ela deve voltar justamente contra o Brasil, na rodada decisiva.
Na França, o poderio ofensivo do ataque liderado por Diani e pela veterana artilheira Eugénie Le Sommer só apareceu no segundo tempo.
Na primeira etapa, contra uma Jamaica que marcava em duas linhas de quatro jogadoras, a seleção francesa tentava abrir espaços com a movimentação de Diani e Sommer buscando os lados do campo, mas as pontas Matéo, pela direita, e Majri, pela esquerda, não conseguiam dar profundidade.
Renard primeiro inverteu Matéo e Majri, mas a produção ofensiva melhorou de fato quando o treinador sacou ambas para colocar a meia Dali e a atacante Becho. A partir daí, a França passou a ser aguda pelos lados do campo e a atormentar a zaga jamaicana com as infiltrações de Le Sommer e Diani na área, além de controlar mais o jogo no campo de ataque com Dali fazendo companhia a Geyoro na criação.
Com esta formação, a França empilhou na reta final do jogo sete finalizações, sendo três na direção do gol — mais do que havia conseguido em todo o restante da partida.
Além do entrosamento da linha defensiva jamaicana com as laterais Wiltshire e Blackwood, esta última eleita a melhor em campo, e as zagueiras irmãs Chantelle e Alysson Swabi, a dificuldade francesa para desfilar seu poder de fogo no ataque é reflexo também das turbulências na preparação pré-Copa.
Renard foi contratado quatro meses antes do torneio após problemas internos levarem à demissão da então treinadora Corinne Diacre, cujos métodos de trabalho vinham sendo criticados. Sem tempo para dar estilo próprio à seleção, o treinador testou variações táticas e de posicionamento das jogadoras ao longo da partida de estreia na Copa.