Terça-feira, 15 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 13 de abril de 2025
Mostrar a força e a capacidade de resiliência do empreendedor brasileiro, mesmo em tempos difíceis. Essa é a missão da sétima edição da Brazil at Silicon Valley (BSV), conferência de tecnologia e inovação que deve reunir mais de 600 fundadores, empreendedores e executivos de grandes empresas entre os dias 21 e 23 de abril. Com o tema de Embrace Brazilians (“Dê apoio aos brasileiros”, em inglês), o evento realizado no Google Event Center, em Sunnyvale, na Califórnia, vai também discutir tendências do Vale do Silício, como o uso de tecnologia para sustentabilidade e, claro, inteligência artificial.
“Resiliência é adaptação com propósito, transformando escassez em oportunidade e incerteza em estratégia. É algo que os brasileiros têm de sobra – e um dos motivos pelos quais os nossos empreendedores têm uma boa reputação no Vale do Silício”, afirma Luciano Snel Corrêa, membro do board da BSV. Para Corrêa, que também é membro do conselho da Icatu Seguros e foi seu presidente executivo por quase uma década, uma das missões do evento é ajudar os brasileiros a beber da fonte da inovação. “Mais do que só uma conferência, queremos ser um movimento contínuo e um espaço de conexão ao longo do ano todo”, diz.
Agenda
Entre os principais destaques da programação deste ano, estão nomes como Divesh Makan, sócio da gestora de investimentos Iconiq Capital, que investiu em empresas como Alibaba, Uber e Airbnb, e o vice-presidente sênior do Google James Manyika. “Ele é responsável pela área de pesquisa da empresa e vai falar sobre o impacto da inteligência artificial na sociedade pela ótica da ética”, destaca Corrêa.
Inteligência artificial é, inclusive, um dos temas que mais ocupam espaço na agenda da BSV, com sessões de cases práticos da tecnologia sendo aplicada a negócios, além do impacto que a inovação pode trazer para o mercado de trabalho. “Uma preocupação hoje do Brasil é sobre como regular a IA. Acredito que podemos trazer insights para as empresas brasileiras, ajudandoas a entender como criar modelos de negócios que possam contribuir e avançar nessas discussões”, diz.
Outra fatia relevante da agenda será dedicada à sustentabilidade. “Teremos painéis que abordarão o potencial do Brasil para ser um líder em questões como economia verde, biotecnologia e climatetechs (startups que oferecem soluções para as mudanças climáticas)”, diz o membro do board da conferência.
Segundo ele, o tema tem sido cada vez mais debatido no Vale do Silício. “Aqui, ao se discutir um novo negócio hoje, é praticamente inerente abordar a pegada em termos de sustentabilidade. É algo que chama muito a atenção dos investidores atualmente.” Para Corrêa, não há contradição em abordar a IA e o impacto ambiental no mesmo palco. “Pelo contrário: com a tecnologia, teremos mais oportunidades e ferramentas para atacar esse problema.”
Retomada
Além de expor aos brasileiros temas quentes do Vale do Silício, a BSV tem como objetivo estreitar os laços de fundadores de empresas brasileiras com investidores estrangeiros. Não à toa, além das discussões sobre estratégias de crescimento, captação de investimentos e internacionalização de empresas, a BSV também dedica longos espaços para networking e troca de cartões: “Queremos criar um ambiente propício para parcerias estratégicas, não só entre fundos e startups, mas também entre empresas. Muitas startups em estágio mais maduro são potenciais compradoras de outras companhias”.
Para o executivo, o momento é bastante oportuno para a aproximação: mesmo com o cenário turbulento na economia internacional, ele vê o apetite de fundos globais por startups brasileiras aumentando depois de anos de menor movimentação, especialmente após o início da guerra na Ucrânia. Um dos exemplos recentes que mexeram com o mercado é o da Enter, startup de IA para a área jurídica que recebeu um cheque da Sequoia, gestora conhecida por ter apostado desde o início em empresas como Apple, Atari, Google e Nvidia. Mateus Costa Ribeiro, CEO e co-fundador da Enter, será um dos principais palestrantes da agenda.
Ele se juntará a nomes como Luana Lara, brasileira fundadora da Kalshi, uma plataforma regulada nos EUA que permite a qualquer pessoa apostar em sua visão sobre temas diversos, como economia, geopolítica ou premiações de artes. “Como as pessoas colocam seu dinheiro em risco, a Kalshi se tornou uma ótima preditora de futuro. Gosto de ver a visão de empreendedores brasileiros criando modelos de negócio fora do Brasil”, afirma Corrêa. Para ele, a visão global é algo que ainda falta aos empreendedores. “Não é errado focar no Brasil, mas por que não sonhar grande e internacionalizar as operações para outros países?”