Domingo, 22 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 21 de agosto de 2015
No maior acordo do gênero já assinado na história do País, a Camargo Corrêa vai devolver 700 milhões de reais para três empresas públicas que foram vítimas dos crimes de cartel e corrupção por parte de ações da empreiteira. O montante será usado para ressarcir a Petrobras, a Eletronuclear e a Eletrobras.
Três ex-executivos da construtora que fizeram acordo de delação confessaram que houve pagamento de suborno e atuação do cartel em obras como as da refinaria Abreu e Lima, da Petrobras; da usina nuclear Angra 3 e da hidrelétrica de Belo Monte. Só no caso da Petrobras, a propina paga pela Camargo chegou a 110 milhões de reais, segundo o ex-presidente da empresa Dalton Avancini, que se tornou delator.
Em Belo Monte, o suborno pago chegou a 20 milhões de reais. Com a obra de Angra 3, houve atuação do cartel e promessa de pagamento de propina, mas o valor não chegou a ser repassado pela Camargo, ainda de acordo com Avancini. O acordo de leniência, uma espécie de delação premiada para empresas, foi assinado com os procuradores que atuam na força-tarefa da Operação Lava-Jato. O procurador Carlos Fernando de Lima e o advogado da Camargo Corrêa, Celso Vilardi, conduziram as negociações.
Três executivos da Camargo já foram condenados pelo juiz Sérgio Moro. No entanto, dois deles (Dalton Avancini e Eduardo Leite) fizeram acordo de delação, confessaram crimes e vão cumprir prisão domiciliar. João Auler, ex-presidente do conselho de administração da empresa, que não fez acordo, foi condenado a nove anos e seis meses de prisão.
Imunidade
O pagamento dos 700 milhões de reais garantirá imunidade a outros executivos da Camargo que poderiam ser acusados, no futuro, da prática de cartel, corrupção e improbidade administrativa, entre outros crimes. É a segunda vez na história recente da Camargo Corrêa que a empresa diz que vai virar a página da corrupção entre suas práticas. Logo após a Operação Castelo de Areia, que apontou em 2009 uma série de casos de suborno e acabou anulada por erros processuais, a empreiteira afirmou que mudaria. (Folhapress)