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Empreiteira diz que doou 3 milhões de reais em caixa dois para Gleisi Hoffmann, presidente do PT

Doação para Gleisi Hoffmann teria sido solicitada por seu marido, Paulo Bernardo, ministro do Planejamento no governo Lula. (Foto: Arquivo/Instituto Lula)

A empreiteira CCR afirmou em acordo que fez com o Ministério Público de São Paulo que doou R$ 3 milhões por meio de caixa dois para a então candidata a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), atual presidente do PT, em 2010.

No mesmo ano, o então senador Aloizio Mercadante (PT-SP) pediu R$ 3 milhões e recebeu R$ 1,7 milhão também via caixa dois. O pedido da doação foi feito por Emidio de Souza (PT), à época prefeito de Osasco. O relato da doação a Gleisi foi feito pelo ex-presidente da CCR Renato do Valle em depoimento a promotores da área de Patrimônio Público e do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado).

Segundo Valle, a doação para Gleisi foi solicitada por seu marido, Paulo Bernardo, ministro do Planejamento do governo Lula à época do pedido.

Na quinta-feira, a CCR, maior empresa do País de concessões de rodovias, metrô e aeroportos, assinou um acordo com o Ministério Público, no qual disse ter doado R$ 44 milhões para o caixa dois de políticos.

Os nomes dos políticos citados no acordo são mantidos em sigilo, mas o jornal Folha de S.Paulo apurou que fazem parte do grupo o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), o senador José Serra (PSDB-SP) e o ministro de Ciência e Tecnologia Gilberto Kassab (PSD).
Alckmin, Serra e Kassab refutam o relato da CCR e dizem que todos os recursos empregados em suas campanhas são legais e foram aprovados pela Justiça eleitoral.

Há pelo menos mais dois tucanos na lista . A empresa citou a doação via caixa dois de R$ 1 milhão para o ministro Aloysio Nunes Ferreira (Relações Exteriores) em 2012 e R$ 340 mil para Edson Aparecido entre 2012 e 2013.

Em 2012, Aparecido, atual secretário municipal de Saúde de São Paulo, era deputado federal e havia coordenado a campanha de Serra à prefeitura em 2012. Em outubro daquele ano, foi escolhido por Alckmin para chefiar a Casa Civil.

A concessionária contou no acordo que também em 2010 doou R$ 1 milhão para Marta Suplicy, quando ela era candidata ao Senado pelo PT. Eleita, trocou o partido pelo MDB em setembro de 2015. Neste ano, anunciou que estava deixando a política.

A CCR também citou a doação ilícita de R$ 1 milhão para o deputado Campos Machado (PTB), entre 2012 e 2013, e de R$ 150 mil para o também deputado Antonio Mentor (PT), em 2012.

A CCR aceitou pagar uma multa de R$ 81,5 milhões para encerrar os processos que seriam instaurados para apurar as doações ilegais. Desse montante, R$ 60 milhões serão destinados ao governo paulista, R$ 17 milhões serão doados à Faculdade de Direito da USP, para a reforma de uma biblioteca, e R$ 4,5 milhões serão destinados a um fundo de interesses difusos.

Outro lado

Gleisi Hoffmann diz que é mentirosa a declaração. “Este senhor mente! Não recebi esse dinheiro para nenhuma campanha. Agora virou moda fazer delação acusatória, sem provas, e vazar para a imprensa, principalmente contra o PT e suas lideranças. Quero lembrar que já fui absolvida de um processo em que me acusaram desta maneira. Neste caso, por ser absolutamente infundada e mentirosa a acusação, sequer posso ser processada!”

Aloysio Nunes Ferreira disse que  “É mentira. Vazamento irresponsável de depoimento mentiroso e cujo acordo sequer foi homologado. Processarei os responsáveis pelo vazamento e pela calúnia”.

Mercadante disse em nota que “é completamente falsa a informação de que o ex-candidato ao governo de São Paulo Aloizio Mercadante tenha pedido apoio financeiro para a concessionária CCR”.

Emidio de Souza refutou a acusação: “Repilo, com veemência e indignação, as informações sobre a campanha eleitoral de Aloizio Mercadante veiculadas por ocasião do acordo celebrado pela empresa CCR com o Ministério Público do Estado de São Paulo. A prestação de contas da referida campanha respeitou rigorosamente a legislação, e foi aprovada pela Justiça Eleitoral”.

Campos Machado rebateu: “As doações que recebi em todas as minhas campanhas foram exclusivamente dentro das exigências da lei, tanto é que foram aprovadas pela Justiça eleitoral”.

O ex-deputado Antonio Mentor disse que “Nunca houve uma denúncia contra mim. Fiz a CPI dos Pedágios, que constatou que houve superfaturamento no preço da tarifa. Você acha que a CCR ia doar para mim?” Em nota, ele disse que todas as suas contas foram aprovadas pela Justiça eleitoral: “Tenho uma trajetória política transparente sem nenhum registro que possa desmerecer minha conduta. Presto esses esclarecimentos em defesa da minha história”.

Edson Aparecido disse desconhecer a investigação. “O Secretário Municipal da Saúde, Edson Aparecido, desconhece o teor da delação ou qualquer aspecto desta investigação conduzida pelo Ministério Público. Entretanto, afirma com tranquilidade que jamais recebeu recursos ilícitos e que as contas de todas as suas campanhas foram aprovadas pela Justiça Eleitoral”. Marta Suplicy não se manifestou.

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