A empreiteira Engevix admitiu à Justiça Federal ter utilizado contratos de fachada com a empresa Link Projetos e Participações para fazer repasses à Aratec, do ex-presidente da Eletronuclear, o almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, que pediu demissão após ser preso na 16 fase da Lava-Jato, a Operação Radioatividade.
A colaboração da empreiteira, alvo da Lava-Jato por atuar no esquema de cartel e corrupção na Petrobras, ocorreu em meio as tratativas para firmar um acordo de leniência com a CGU (Controladoria-Geral da União).
Segundo a Engevix, os pagamentos para o almirante via Link não tinham relação com as obras de Angra 3, sob investigação na Lava-Jato, mas sim com um projeto de desenvolvimento de turbinas hidráulicas de geração de energia da empresa de Othon, a Hydrel Energia Sustentável. “Com respeito aos pagamentos para ajudar no desenvolvimento das turbinas, esclareço que a pedido do próprio almirante, foram feitos para Aratec através da Link, que para isso cobrou uma taxa e impostos, mas realmente ela não teve qualquer participação ou conhecimento da questão”, disse o e-mail de um executivo da empresa encaminhado à Justiça Federal no Paraná.
A Engevix não participou dos consórcios que disputaram as licitações de Angra 3. “Usamos a Link justamente em função da posição que ocupava o almirante como presidente da Eletronuclear sendo que a Engevix prestava serviços lá [todos ganhos em licitações públicas acirradas como lhe documentamos] ”, diz o e-mail.
O almirante negou ter recebido propina. (AE)