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Empreiteiras que pagaram 4 milhões de reais ao presidente da Eletronuclear fecharam contratos de 4 bilhões de reais com a empresa

Construção de Angra 3 está sob suspeita na Operação Lava-Jato. (Foto: Reprodução)

As empreiteiras que pagaram 4,8 milhões de reais ao presidente licenciado da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva, fecharam contratos de ao menos 4,8 bilhões de reais com a empresa de energia atômica entre 2009 e 2015.
Responsável pelas usinas nucleares e pela construção de Angra 3, a Eletronuclear, controlada pela Eletrobras, responde por 3% da geração de energia elétrica no País. Ela foi o foco da Operação Lava-Jato em sua 16ª fase. Othon, almirante da reserva da Marinha, foi um dos presos. Segundo a força-tarefa, o militar usou sua empresa Aratec para receber propina de interessados em negócios com a Eletronuclear.

A Andrade Gutierrez teria fechado 1,55 bilhão de reais em contratos e aditivos de 2009 a 2015. No mesmo período, segundo a investigação, a empreiteira transferiu 3,7 milhões de reais à Aratec – que, segundo a Receita Federal, tinha só um empregado. Os pagamentos ocorreram por meio das empresas CG, JNobre e Deutschebras.

Dois consórcios, o Una 3 e o Angra 3, foram criados para colocar a unidade de pé até 2018, com contratos de 1,7 bilhão de reais e 1,3 bilhão de reais. Esses consórcios fizeram pagamentos à firma do almirante por serviços identificados como assessoria, consultoria e tradução. A Engevix fechou seis contratos com a Eletronuclear no valor total de 136 milhões de reais. No mesmo período, pagou 765 mil reais à Aratec pela Link Projetos, além de 45,9 mil reais diretamente.

Os procuradores da Lava-Jato começaram a investigar a Eletronuclear após o ex-presidente da Camargo Corrêa Dalton Avancini passar a colaborar com as investigações. Segundo ele, empreiteiras organizaram um cartel para dividir contratos da Eletronuclear.

Outro lado
A Eletrobras disse, em nota, que só vai se manifestar sobre a Operação Lava-Jato “oportunamente, por meio de comunicados ao mercado ou fatos relevantes, conforme o caso”. A Andrade Gutierrez disse que tratará do caso “nos autos do processo”, e não pela imprensa. A UTC informou que não comentaria investigações em andamento. A Engevix disse que venceu os contratos com a Eletronuclear por “qualificação técnica e melhores preços”. A Camargo Corrêa justificou que efetuou pagamentos pela prestação de serviços de tradução. (Folhapress)

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