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Empreiteiro afirma que PT recebe propina desde 2004

Presidente da UTC disse que mantém relações com o PT desde 1992 (Foto: Zanone Fraissat/Folhapress)

O dono da construtora UTC, Ricardo Pessoa, disse aos procuradores que integram as investigações da Operação Lava-Jato que paga propina ao PT desde 2004. A declaração do empresário consta em um dos depoimentos do acordo de delação premiada que ele firmou com o MPF (Ministério Público Federal) após ser preso na sétima fase das investigações do escândalo da Petrobras, em novembro de 2014.

Segundo Pessoa, em 2004 ele começou a pagar propina ao partido. No entanto, foi a partir de 2008 que funcionários da Petrobras começaram a cobrar valores da construtora que ele comanda. O depoimento foi tomado em maio deste ano, mas só agora apareceu em um dos processos da Lava-Jato.

O presidente da UTC afirmou que mantém relações com o PT desde 1992, quando a construtora ainda era controlada por outra empreiteira investigada na Lava-Jato, a OAS. Segundo Pessoa, desde aquela época a UTC fazia doações espontâneas ao partido. No entanto, a partir de 2004, as “contribuições” passaram a ser atreladas a contratos da empresa com o Poder Público. O empresário afirmou que o pagamento de propinas de contratos com a Petrobras começou com a construção da plataforma petrolífera P53.

No início, disse o empresário, os valores eram depositados diretamente para o PT, como doações legais, no valor de 1% dos contratos firmados com a Petrobras. No entanto, a partir de 2008, funcionários da estatal começaram a fazer cobranças também. Pessoa citou os nomes do ex-diretor de Serviços Renato Duque e do ex-gerente Pedro Barusco.

Ainda segundo Pessoa, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto também o pressionava a pagar propina para o PT. Ao longo de dez anos de pagamentos, entre doações oficiais e entregas de dinheiro vivo, o empresário afirmou ter dado mais de 20,5 milhões de reais para o partido. A legenda reafirmou que todas as doações recebidas foram legais e declaradas à Justiça Eleitoral. (AG)

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