Diante da crise no Rio Grande do Sul e com o câmbio dificultando a vida das aéreas no Brasil, a GOL fechou o 2° trimestre com um prejuízo líquido de R$ 3,91 bilhões, revertendo o lucro de R$ 556 milhões de igual período de 2023. O resultado, marcado por efeitos não recorrentes como a disparada do dólar e as enchentes no RS, levou a empresa a ter o maior prejuízo da série histórica do Valor Data.
O segundo maior prejuízo da empresa foi no segundo trimestre de 2022, com uma perda de R$ 2,85 bilhões.
As perdas por variação cambial sobre a dívida não significam que haverá efeito imediato no caixa, já que se trata de um ajuste em reais do valor de dívidas em dólar, boa parte com vencimentos de longo prazo.
Ajustado pelos efeitos do câmbio e despesas com recuperação judicial nos Estados Unidos, a empresa registrou um prejuízo de R$ 1,05 bilhão, contra um lucro de R$ 416 milhões um ano antes.
A receita da empresa totalizou no trimestre R$ 3,94 bilhões, queda de 5% em um ano. No trimestre, foram transportados 6,7 milhões de passageiros, queda de 4,5% na comparação anual.
O Ebitda recorrente totalizou R$ 745 milhões, queda de 21,3%. A margem Ebitda foi de 18,9%, queda de 3,9 pontos percentuais.
No lado da demanda, a crise no Rio Grande do Sul foi um golpe sentido também pela Gol. Segundo a empresa, as enchentes reduziram o resultado operacional em R$ 100 milhões, devido a uma redução de R$ 120 milhões nas receitas e aproximadamente R$ 20 milhões na redução de custos, com o menor número de voos operados.
“Esse efeito representou uma redução de 1,9 pontos na margem operacional do trimestre”, diz a empresa.
A Azul reportou dificuldades também com a redução dos clientes gaúchos, que representam 10% do mercado brasileiro e tem um tíquete médio mais elevado. A empresa terminou o trimestre com uma queima de caixa de R$ 477 milhões, reflexo da decisão comercial de reduzir temporariamente a antecipação de recebíveis.
A aérea fechou o trimestre com uma dívida líquida de R$ 25,8 bilhões, alta de 26% em um ano, sobretudo diante da entrada dos recursos vindos do empréstimo garantido dentra recuperação judicial (chamado de DIP). A relação dívida líquida sobre o Ebitda nos últimos 12 meses foi de 5,1 vezes, contra 5 vezes um ano antes.
O resultado financeiro da empresa foi negativo em R$ 3,86 bilhões, contra um resultado também negativo um ano antes de apenas R$ 3 milhões. A linha que mais pesou no indicador foi a de variações cambiais, que trouxe uma perda financeira de R$ 2,69 milhões, contra um ganho de R$ 963 milhões um ano antes.
Oferta de assentos
Um suporte importante da Gol em 2024 tem vindo da sua operação internacional, que ajudou a compensar parte das perdas no mercado doméstico decorrentes da crise no Rio Grande do Sul. No trimestre, a oferta de assentos no internacional saltou 14,4%, enquanto a oferta doméstica caiu 9,6%. Na média, a oferta de assentos da empresa fechou o trimestre em queda de 7,2% contra igual trimestre do ano passado.
A ocupação das aeronaves subiu 3,8 pontos percentuais no trimestre, para 80,6%. O custo operacional dividido pelo total de assentos-quilômetro oferecidos subiu 7,9% no trimestre, para R$ 0,379. Excluindo os combustíveis, o indicador subiu 14,9%, para R$ 0,251.
No trimestre, a receita operacional por assentos-quilômetro oferecidos subiu 2,4%, para R$ 0,413. A receita de passageiros por assentos-quilômetros oferecidos subiu 0,8%, para R$ 0,365. Já o preço pago pelo passageiro para voar um quilômetro foi de R$ 0,452, queda de 3,9%. A tarifa média foi de R$ 503,5, queda de 5,1%.
Em 30 de junho de 2024, a Gol possuía uma frota total de 141 aeronaves Boeing, sendo 47 737-MAX, 88 737-NG e 6 cargueiros 737-800BCF. A frota da Companhia é 100% composta por aeronaves de corredor único da família Boeing 737, todas financiadas por meio de arrendamentos operacionais.