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Por Redação O Sul | 27 de maio de 2019
A entidade destacou também que a empresa Meu Bilhete “não terá nenhuma participação na organização ou na operação do jogo”. Em entrevista coletiva na manhã deste domingo (26), a polícia anunciou que está investigando “entre 15 e 20 jogos” organizados pela Roni7 nos últimos quatro anos.
“Vai ser apurado em quais desses eventos ocorreu fraude”, disse Leonardo de Castro, delegado do setor de Coordenação Especial de Combate à corrupção, ao Crime Organizado e aos Crimes Contra a Administração Pública.
As investigações apontam que a empresa adulterava borderôs e divulgava público menor do que o que de fato estava presente, pagando assim menos impostos e taxas, já que estes são calculados com base na renda obtida. Outra alternativa era fraudar o número de entradas gratuitas.
“Isso ficou claro no jogo de 7 de fevereiro da Copa do Brasil entre Corinthians e Ferroviário-CE [em Londrina], quando o próprio narrador do jogo, ao receber a informação do público presente, comentou que no estádio havia mais torcedores do que o divulgado”, disse o delegado.
O site da Roni7 aponta dez jogos promovidos em quatro estados brasileiros (Distrito Federal, Mato Grosso, Espírito Santo e Paraná) em 2015 e celebra renda bruta total de R$ 10,8 milhões, com público total de mais de 175 mil pessoas.
Além de Roni e Brito, outras cinco pessoas foram presas preventivamente na operação Episkiros, palavra que dá nome ao jogo grego apontado como possível origem do futebol e que também pode significar jogo enganoso. Dentre os presos está Daniel Vasconcelos, presidente da Federação de Futebol do Distrito Federal.
Segundo a polícia, há indícios dos crimes de estelionato, associação criminosa, falsidade ideológica e sonegação fiscal, além da possibilidade de lavagem de dinheiro.
A reportagem encontrou três empresas em que Roni e Brito são sócios: a Roni7 Eventos Ltda, a LPR Tecnologias em Eventos Ltda e a Acesso Mais Tecnologias, Sistemas, Vendas e Eventos Ltda. Essa última é a Meu Bilhete.
Desde sábado a reportagem tenta, sem sucesso, contato com a defesa de Roni, com a Federação de Futebol do Distrito Federal e com a Polícia Civil do Distrito Federal.
Sineis Lima, que atendeu a telefonema para um dos números que constam no site da Roni7 para contato, disse trabalhar apenas com o agenciamento de jogadores, um dos ramos de atuação da empresa, e afirmou não podia responder pela companhia.
Roni atuou no futebol profissional por 17 anos, atuando por clubes como Fluminense, Santos, Flamengo e Cruzeiro. Ele encerrou a carreira em 2012, quando se tornou empresário. Nesta terça, Roni disse, através de nota, que “não tem dúvidas de que todas as medidas necessárias serão tomadas para que a compreensão dos fatos seja feita de maneira íntegra e nítida. Nunca prestigiei agir de maneira desonesta em minha vida profissional. Meus êxitos do passado e presente são resultados de uma postura idônea e coerente com a minha linha de pensamento”, diz trecho da nota. “Fico à disposição para esclarecimentos e outros que se fizerem necessários.”