Quarta-feira, 25 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 1 de agosto de 2015
O operador Milton Pascowitch, acusado pela força-tarefa da Operação Lava-Jato de manter empresas apenas para intermediar a distribuição de propinas a políticos, recebeu 10 milhões de reais da empresa de informática Consist, gerente de todo o sistema de pagamentos consignados no Ministério do Planejamento.
As quitações ocorreram de 2011 e 2013 depois que a pasta celebrou acordo com entidades bancárias e de previdência para que a Consist acessasse dados de 2 milhões de servidores federais. A entrada permitiu à companhia ser remunerada por bancos para informar a margem de empréstimo a funcionários do Executivo Federal. A empresa também recebeu por cada registro de valor descontado em folha.
Pascowitch recebeu o dinheiro da Consist através da Jamp, companhia de sua propriedade, que teve as contas devassadas pela Receita. O presidente da Consist, Pablo Kipersmit, confirmou que o pagamento à Jamp está relacionado ao acordo com o Ministério do Planejamento, mas disse não poder dar detalhes dos serviços que ele teria prestado devido a sigilo contratual.
Pascowitch é apontado pela PF (Polícia Federal) como um operador dos interesses do ex-ministro José Dirceu em contratos com o poder público, o que o ex-dirigente negou. Ele fez acordo de delação premiada com a Justiça, contudo suas declarações ainda estão sob sigilo. Por meio de sua empresa de consultoria, Dirceu recebeu 1,4 milhão de reais de Pascowitch, que também pagou 400 mil reais da entrada de uma casa comprada pelo petista em São Paulo em 2012.
O acordo que permitiu à Consist ter acesso à folha dos servidores foi feito pelo governo com a ABBC (Associação Brasileira de Bancos) e o Sinapp (Sindicato das Entidades Abertas de Previdência Privada), em 2010. No mesmo ano, o IBL (Instituto Brasileiro de Licitações Públicas) denunciou ao TCU (Tribunal de Contas da União) e à CGU (Controladoria-Geral da União) que o acerto com as entidades teve o objetivo de permitir à Consist uma chance de negócio sem participar de licitação. (AG)