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Empresa de remédios acusa ex-senador Delcídio do Amaral de tentativa de extorsão

Delcídio foi senador pelo PT-MS (Foto: José Cruz/ABr)

Citada na delação do ex-senador Delcídio do Amaral, a EMS, maior fabricante de medicamentos do País, apresentou defesa na semana passada em que acusou o ex-petista de ter tentado extorqui-la, ameaçando-a para que pagasse uma dívida de campanha dele de R$ 1 milhão.

De acordo com a empresa, Delcídio usou seu prestígio como senador e sua suposta proximidade com a presidenta Dilma Rousseff para fazer pressão. A investigadores da Lava-Jato, Delcídio disse que, em 2014, tinha uma dívida deixada por sua campanha derrotada ao governo de Mato Grosso do Sul e que procurou o ex-ministro Edinho Silva, que fora tesoureiro da campanha de Dilma, para quitá-la.

Ainda segundo Delcídio, Edinho orientou-o a pedir às empresas credoras para apresentarem notas fiscais em que figurasse como tomadora de serviço a EMS, que faria o pagamento. As credoras eram duas agências de comunicação: a FSB e a Black Ninja.

O ex-senador disse, na delação, que essas duas agências emitiram as notas fiscais – R$ 500 mil cada. Porém, segundo ele, ao surgirem na mídia notícias de envolvimento da EMS com a Lava-Jato, as próprias agências tiveram receio e cancelaram as notas, arcando com o prejuízo.

A EMS rebateu as acusações, em documento assinado por seu advogado criminalista, Fernando José da Costa, enviado à 10ª Vara da Justiça Federal em Brasília, onde tramita uma apuração preliminar contra Edinho baseada na delação de Delcídio.

A apuração foi remetida pelo STF (Supremo Tribunal Federal) à primeira instância após Edinho deixar a Secretaria de Comunicação de Dilma e perder o foro privilegiado. Na versão da EMS, um assessor de Delcídio, identificado como Diogo, procurou um diretor da farmacêutica no final de 2014 e pediu à empresa para quitar a dívida.

Diante de uma negativa, ainda conforme a EMS, o assessor tentou intimidar o diretor: “Você sabia que Delcídio é senador e amigo pessoal da presidente da República?”. Dias após essa conversa, o diretor recebeu as notas por e-mail. A EMS sustenta que não pagou, o que teria levado ao cancelamento das notas.

A farmacêutica argumenta que seu nome já havia sido vinculado à Lava-Jato em abril de 2014, na primeira fase da operação, em episódio envolvendo a Labogen, ligada ao doleiro Alberto Youssef. “Antes da própria emissão das notas frias, a peticionária [EMS] já havia aparecido na mídia, caindo por terra a afirmação de Delcídio de que essas empresas [FSB e Black Ninja] optaram por cancelar tais notas em razão do surgimento de escândalos”, diz.

O trecho da delação de Delcídio sobre a EMS chamou a atenção de investigadores para um eventual novo filão de propinas: o setor de saúde. A Procuradoria da República no Distrito Federal informou que o caso está em análise. (Folhapress)

 

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