Domingo, 22 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 23 de julho de 2020
A farmacêutica israelense RedHill Biopharma informou que enviou um pedido para testar o medicamento Opaganib (Yeliva) em pacientes hospitalizados com infecção grave por SARS-CoV-2 e pneumonia às autoridades reguladoras do México e do Brasil.
A empresa biofarmacêutica disse que suas solicitações para este estudo já foram aprovadas no Reino Unido e na Rússia, e uma aplicação semelhante está sendo analisada na Itália, com planos de expandir o estudo para outros países.
O estudo que está nas fases 2 e 3 está programado para inscrever até 270 pacientes com pneumonia grave por Covid-19, que requerem hospitalização e tratamento com oxigênio suplementar. O objetivo primário do estudo é avaliar a proporção de pacientes que necessitam de intubação e ventilação mecânica no décimo-quarto dia de internação.
Hidroxicloroquina não é eficaz
No maior estudo brasileiro publicado até agora, pesquisadores apontam que a hidroxicloroquina não teve eficácia no tratamento da Covid-19 em pacientes com casos leves e moderados atendidos em hospitais.
O estudo aponta que, após 15 dias de tratamento, percentuais semelhantes dos pacientes (que tomaram ou não hidroxicloroquina) já estavam em casa “sem limitações respiratórias”. O percentual de óbitos foi igual em todos os grupos: 3%.
A pesquisa, revisada por outros cientistas, foi publicada nesta quinta-feira (23) no “The New England Journal of Medicine”.
O estudo foi realizado pela Coalizão COVID-19, que ainda conduz outros oito estudos sobre o tema, incluindo um sobre a mesma droga no tratamento de casos ambulatoriais, ou seja, em casos mais leves da Covid-19.
O grupo é formado por Hospital Israelita Albert Einstein, HCor, Hospital Sírio-Libanês, Hospital Moinhos de Vento, Hospital Alemão Oswaldo Cruz, BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, o Brazilian Clinical Research Institute (BCRI) e Rede Brasileira de Pesquisa em Terapia Intensiva (BRICNet).
De acordo com os pesquisadores desses centros médicos, foram analisados 667 pacientes com quadros leves ou moderados. Eles foram atendidos em 55 hospitais brasileiros. Por sorteio, eles foram divididos em três grupos: um com 217 pacientes recebeu hidroxicloroquina e azitromicina, outro com 221 pacientes recebeu hidroxicloroquina e o terceiro, com 227 pacientes, apenas suporte clínico padrão.
“O status clínico (…) foi similar nos grupos tratados com hidroxicloroquina e azitromicina, hidroxicloroquina isolada ou grupo controle”, apontou o estudo.
Em um período de 15 dias, os pesquisadores afirmam que estavam em casa sem limitações respiratórias: 69% dos pacientes do grupo hidroxicloroquina + azitromicina + suporte clínico padrão; 64% dos pacientes do grupo hidroxicloroquina + suporte clínico padrão; 68% dos pacientes do grupo suporte clínico padrão.
A interpretação dos autores é que “a utilização de HCQ ou Azitromicina não promoveu melhoria na evolução clínica dos pacientes”.
Em relação a morte de pacientes, o número em 15 dias foi semelhante entre os grupos, em torno de 3%.
Sobre os chamados “efeitos adversos”, a pesquisa destacou dois pontos:
Alterações em exames de eletrocardiograma (aumento do intervalo QT, que representa maior risco para arritmias) foi mais frequente nos grupos que utilizaram hidroxicloroquina;
Alteração de exames que podem representar lesão hepática foi mais frequente nos grupos que utilizaram hidroxicloroquina.
De acordo com o estudo, “não houve diferenças para outros eventos adversos, como arritmias, problemas hepáticos graves ou outros”.