Crítica declarada da terceirização da gestão de presídios no Amazonas, a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) teve como doadores de sua campanha para a prefeitura de Manaus, em 2012, quatro empresas ligadas ao grupo que administra cadeias no Estado, incluindo o Complexo Penitenciário Anísio Jobim, onde 56 presos foram mortos em um massacre no começo do ano. As quantias, somadas, chegaram a 2,890 milhões de reais, o equivalente a cerca de 20% do total recebido (13,450 milhões de reais). Em nota, a senadora disse que todas as doações foram legais e declaradas ao Tribunal Superior Eleitoral.
Para realizar as doações, foram usadas duas firmas com relação direta com a gestão de prisões no Amazonas: a Auxílio e a Rh Multi Service. A primeira fez as maiores doações: dois depósitos que somaram 1,340 milhão de reais. Já a Rh Multi colaborou com 190 mil reais. As empresas são controladas respectivamente pelo presidente da Fecomércio-CE, Luiz Gastão Bittencourt, e por seu filho Luiz Fernando Bittencourt. Os dois empresários estão por trás de uma rede de 12 firmas que controlam direta ou indiretamente a gestão terceirizada de presídios no Amazonas. De 2010 até hoje, esse mercado já movimentou 1,1 bilhão de reais.
Outras duas empresas com sede no Ceará, que também pertencem à família Bittencourt, foram usadas para irrigar a campanha de Grazziotin: a Serviarm (360 mil reais) e a Serval (1 milhão de reais).
Uma curiosidade, contudo, é sua postura crítica à privatização da gestão de presídios. Ela chegou a citar o fato de as empresas terem doado para a campanha do atual governador José Melo (PROS). “No Amazonas, há ineficiência da empresa privada que opera os presídios. Há sobrepreço do contrato (triplo da média nacional), que já consumiu, de 2010 a 2016, 1,1 bilhão de reais do dinheiro público, parte dos quais irrigaram campanhas do governador e seus aliados”, disse. (AG)