Segunda-feira, 25 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 15 de outubro de 2022
O empresário Thiago Brennand, que estava foragido desde setembro e tinha sido preso nos Emirados Árabes na última semana, foi solto depois de pagar uma fiança. Ele teve de informar endereço fixo e não pode se ausentar do país árabe sem comunicar a Justiça. Também se comprometeu a comparecer às audiências sempre que solicitado e vai responder ao processo de extradição em liberdade.
O empresário foi detido pela polícia nacional dos Emirados Árabes, com auxílio da Interpol, após entrar na lista de foragidos por não retornar ao Brasil no prazo estipulado pela Justiça. Brennand foi para os Emirados Árabes após virar réu no Brasil ao aparecer em um vídeo agredindo a modelo Alliny Helena Gomes em uma academia na capital paulista.
A Justiça determinou que retornasse, mas ele não obedeceu. Em 27 de setembro, teve a prisão decretada por não ter se apresentado e entregue o passaporte.
Além deste caso, ao menos outras 15 mulheres registraram denúncias contra Brennand. Ele está sendo investigado por crimes sexuais pelo Ministério Público de São Paulo, assim como por suspeitas de lesão corporal e corrupção de menores – ele teria incentivado seu filho a ofender a modelo que agrediu.
Brennand é herdeiro de uma família tradicional do Recife. De acordo com advogados, seu patrimônio é avaliado em R$ 200 milhões.
Novas denúncias
Novas denúncias foram apresentadas ao Ministério Público de São Paulo contra o empresário após a prisão, e referem-se a uma única vítima. Trata-se de uma mulher de Recife que foi mantida em cárcere privado e teve as iniciais do agressor tatuadas em seu corpo.
Apenas contra a vítima de Recife, o MP aponta que o empresário cometeu o crime de estupro cinco vezes, além de cárcere privado, tortura e lesão corporal gravíssima – esses relacionados ao uso de força para tatuar suas iniciais na mulher.
A promotoria apontou ainda constrangimento ilegal praticado três vezes, ameaça (quatro vezes) e coação no curso do processo – para obrigar a vítima a retirar a queixa –, além de registro não autorizado de intimidade sexual e divulgação de cena de estupro ou sexo (oito vezes). Somadas, as penas previstas para esse conjunto de crimes podem chegar a 70 anos de prisão – cada estupro, por exemplo, tem pena prevista de 6 a 10 anos.
Extradição
Advogados das vítimas do empresário vão acompanhar de perto o processo de extradição e repatriação do acusado, que deve responder pelos crimes no Brasil.
A advogada Gabriela Manssur, que representa algumas das vítimas, diz que solicitará “providências necessárias ao Ministério da Justiça, ao Ministério de Relações Exteriores e ao Ministério Público a imediata repatriação de Thiago Brennand, para que aqui no Brasil seja aplicada a lei”.
A advogada celebrou a prisão do empresário no exterior. Para ela, isso é uma prova de que “ninguém está acima da lei”.
Questionado sobre o processo de extradição de Brennand, o Ministério da Justiça e Segurança Pública disse não comentar processos em andamento.