Terça-feira, 29 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 13 de agosto de 2021
Produção do Recanto Maestro foca em cinco variedades.
Foto: DivulgaçãoMais um passo importante para o avanço da olivicultura na região central do Estado ocorreu no dia (5), uma reunião entre o empresário, Presidente da Calçados Beira Rio e Presidente do Conselho Diretor do Recanto Maestro, Roberto Argenta; o Presidente do Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraoliva), Renato Fernandes; o Presidente da Fundação Antonio Meneghetti, Almir Foletto; o Deputado Estadual Roberto Fantinel (MDB-RS) e o engenheiro agrônomo Fabrício Carlotto, responsável técnico pela plantação de oliveiras no Distrito Recanto Maestro.
O tema foi o fortalecimento e busca novos incentivos e oportunidades para o projeto de plantação de oliveiras no estado do Rio Grande do Sul. Foi tratado também sobre parceria do Azeite de Oliva Recanto Maestro, Fundação Antonio Meneghetti e Ibraoliva. A meta do grupo é intensificar a discussão sobre novas formas e possibilidades de incentivo ao cultivo de oliveiras no Estado afim de expandir a produção e fazer do azeite gaúcho referência internacional no cultivo.
Encontro promoveu o fortalecimento e busca de novos incentivos e oportunidades para o projeto de plantação de oliveiras no RS. (Foto: Divulgação)
Segundo o empresário Roberto Argenta, idealizador do fomento à olivicultura na região, “o cultivo de oliveiras representa uma porta de entrada para diversificar da produção agrícola do Estado, com grande potencial para ser a base de um novo ciclo de desenvolvimento econômico”. O empresário destaca a rentabilidade da cultura, a facilidade de que o plantio pode ser feito em conjunto com outras culturas e em regiões rochosas ou de declive. Enquanto produto, as oliveiras também são uma matriz produtiva do azeite, item gerador de saúde, além de que os pomares de oliveiras detêm forte potencial turístico e retomam uma cultura clássica milenar.
Fábrica do Azeite Recanto
O processamento da produção de olivas da região do Recanto Maestro (distrito situado entre São João do Polêsine e Restinga Sêca, municípios da Quarta Colônia de Imigração do Rio Grande do Sul) será feito em fábrica própria que está em construção. A planta fabril do Azeite Recanto tem cerca de 1,8 mil metros quadrados em dois pavimentos, divididos entre as instalações da fábrica e da loja. A parte do beneficiamento terá cerca de 600 metros quadrados. A previsão de inauguração é entre final de 2021 e início de 2022. Inicialmente, serão empregados diretamente cinco colaboradores, porém o projeto beneficia indiretamente todos os trabalhadores envolvidos nos pomares já cultivados no Recanto Maestro e também os pequenos produtores da região.
O engenheiro agrônomo Fabrício Carlotto, responsável técnico pelos pomares da Azeite Recanto, explica que a capacidade produtiva da fábrica está relacionada à capacidade do maquinário. Atualmente é de 250kg de fruta por hora, ou, cerca de 25 litros por hora (considerando um rendimento de 10% do fruto – o mesmo pode variar dependendo do cultivar e do ponto de maturação da azeitona). “Quanto mais áreas do pomar estiverem produzindo, serão necessárias novas máquinas de capacidade de processamento de 500kg/hora ou 1 tonelada/hora, e a capacidade produtiva cresce”, diz.
A produção na localidade do Recanto Maestro foca nas variedades Arbequina e Arbosana (de origem espanhola), Koroneiki (de origem grega) e Coratina e a Grappolo (origem italiana). Outras variedades são produzidas em menor quantidade. No total, são cerca de 135 hectares plantados e mais 40 hectares que estão em preparo para plantio. O pomar foi iniciado há quatro anos. Sobre a expectativa de colheita, segundo Carlotto, a expectativa é muito boa, mas esse dado será mais claro a partir de outubro deste ano: “é cedo para vislumbrarmos um volume de frutas. A partir de outubro, já temos os dados de fruit set, que indicam quanto das flores que as plantas colocaram virarão frutos, dando a condição de fazer uma avaliação de quantidade”, diz.
A fábrica Azeite Recanto produzirá diferentes tipos de azeites monovarietais e também azeites a partir de blends (misturas de variedades). Os monovarietais deverão vir das variedades mais plantadas como Arbequina, Koroneiki, Coratina e Grappolo. Uma primeira safra do pomar foi colhida no início de 2021 e processada em Cachoeira do Sul em parceria com a empresa Oliveiras do Sul. A safra que será colhida em fevereiro de 2022, provavelmente, já será beneficiada na fábrica do Azeite Recanto.
Crescimento socioeconômico
Com o projeto “Semeando o Futuro”, a Fundação Antonio Meneghetti, sediada no Recanto Maestro fomenta o crescimento socioeconômico da região por meio do cultivo de oliveiras. A ideia é incentivar para que produtores da região da Quarta Colônia e localidades próximas plantem áreas com oliveiras, mesmo que não sejam áreas grandes, pois na região a prevalência é de pequenas áreas de cultivo.
O projeto “Semeando o Futuro” oferece mudas e assistência técnica aos produtores interessados em iniciar esse cultivo. A instalação de uma fábrica de processamento de azeitonas na região estimula os produtores a plantar, porque essa produção é comercializada sem a necessidade de frete de longa distância. “A ideia é possibilitar a pequenos produtores que tenham local de processamento próximo, aumentando possibilidades dentro do agronegócio, tendo mais uma matriz produtiva na oliveira e tendo mais uma opção de renda”, explica Carlotto.
Olivicultura no RS
A cultura da oliveira se adapta e produz bem entre os paralelos 30 e 45, o que, no hemisfério Norte, equivale a região do Mediterrâneo. No paralelo 30 a 45 Sul, encontra-se produção na Argentina, no Uruguai e, a partir de 2002, no Rio Grande do Sul, no Brasil. Em 2010, a primeira colheita comercial foi realizada no Estado e, desde então, continua crescendo a área de plantio. Hoje, o Rio Grande do Sul possui aproximadamente 7 mil hectares de plantio de oliveiras.
O terroir gaúcho oferece aos azeites características de frescor, intensidade e notas sensoriais marcantes. “O nosso terroir tem conferido aos cultivares plantados características sensoriais mais intensas do que nos locais de origem. Vemos pequenas variações entre as diferentes regiões no RS”, explica Fabrício Carlotto. “Hoje o mercado consumidor é um mercado seleto. A gente percebe que aquele que começa a consumir o azeite brasileiro, já não consome o importado. Esse já é um diferencial”, conclui.