No âmbito da negociação de um amplo acordo econômico-comercial entre os dois países, o Brasil começa a entrar, até o fim deste ano, no programa americano Global Entry, o que facilitará a entrada de visitantes brasileiros nos Estados Unidos. Segundo explicou o secretário-substituto de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Leonardo Lahud, a expectativa é que sejam implementados projetos pilotos até dezembro. As informações são do jornal O Globo.
“A forma como serão desenhados esses projetos, se por amostragem, aeroporto ou outra via, ainda está sendo definida”, disse Lahud, que participou, nesta quinta-feira (26), de um fórum empresarial que teve a presença de autoridades brasileiras e americanas.
A medida é defendida com ênfase por empresários do Brasil e dos EUA – uma das principais demandas de curto prazo – e faz parte de um conjunto de propostas apresentadas pela Câmara Americana de Comércio (Amcham) aos governos brasileiro e americano.
De acordo com a entidade, a facilitação do trânsito de pessoas entre os dois países é importante para estimular a realização de negócios.
O Global Entry oferece trâmites expeditos de imigração. Entram nos EUA com mais facilidade e rapidez viajantes pré-aprovados e considerados de baixo risco.
Economia de US$ 5 bilhões
Outra medida que deve começar a vigorar até o fim de 2019 é a substituição de documentos em papel que ainda subsistem no comércio bilateral. Em seu lugar, passariam a ser usados documentos eletrônicos.
De acordo com Joseph Laroski, diretor do Departamento de Comércio dos EUA, se fossem adotados certificados fitossanitários eletrônicos, por exemplo, haveria uma redução de custos nas operações de comércio exterior em torno de US$ 5 bilhões. Ele destacou que a facilitação de negócios beneficiaria, principalmente, pequenas e médias empresas.
“A adoção de medidas para atacar a burocracia no comércio exterior é essencial para reduzir custos e demoras nas trocas comerciais entre nossos países”, reforçou a presidente da Amcham, Deborah Vieitas.
Uma questão política
Durante os debates, os representantes do governo foram perguntados sobre a ameaça de o Congresso brasileiro sustar a portaria do governo que aumentou a cota de importação de etanol sem tarifa de importação de 600 milhões para 750 milhões de litros. A medida atende a um pleito do presidente Donald Trump.
“A questão deixou de ser técnica e passou a ser política”, resumiu Leornardo Lahud.
Há cerca de duas semanas, um grupo de deputados, tendo à frente Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), apresentou um projeto de decreto legislativo suspendendo o aumento da cota de importação. A matéria teve a urgência aprovada no plenário da Câmara, mas a expectativa é que o governo chegue a um acordo com os parlamentares.
Brasil e EUA começaram a tratar de um acordo comercial em março deste ano, quando o presidente Jair Bolsonaro visitou aquele país. A partir de então, grupos de trabalho foram criados para dar prosseguimento às negociações.