Aparentemente, as companhias aéreas vêm passando por cima da crise. A demanda doméstica por transporte aéreo de passageiros acumulou alta de 5,6% no primeiro trimestre de 2015, em relação aos primeiros três meses de 2014, segundo a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). Em março, a demanda cresceu 3%, índice recorde para o mês nos últimos dez anos, sendo transportados 7,8 milhões de pessoas.
As empresas do setor, porém, estão preocupadas. A Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas) observa que a demanda em março foi inferior à de fevereiro (4,13%) e à de janeiro (9,1%), o que mostrou uma retração, fazendo prever que 2015 seja o pior ano para o setor desde 2012, sob o ponto de vista das receitas.
Outro fator a considerar é que, de acordo com a Abear, a oferta de assentos aumentou 3,3% em março, pouco acima da demanda. Com isso, a taxa de ocupação recuou 0,19 ponto porcentual, para 77,46%. Para evitar queda maior na taxa de ocupação, as companhias adotaram uma agressiva política de promoções. “Há relatos de agências de viagens que estão praticando preços até 20% menores”, afirmou o presidente da Abear, Eduardo Sanovicz.
Pelos cálculos da Abracorp (Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas), o desconto médio nas passagens aéreas vendidas a empresas foi de 8,53% no primeiro trimestre, em comparação com o mesmo período do ano passado.
Devido à desaceleração da economia, tem diminuído bastante o número de passageiros corporativos, que, normalmente, respondem por 60% da demanda por voos domésticos. Quanto ao turista, por fazer reservas com antecedência, goza de um desconto maior nas passagens. Nas três companhias nacionais que fazem voos internacionais, a quantidade de passageiros cresceu 8,7% em março, em comparação com o mesmo mês de 2014, totalizando 568,2 mil pessoas.
A preferência tem sido por rotas mais curtas. O crescimento da receita em rotas internacionais foi de 4%, quase a metade da taxa de aumento do número de passageiros. A Abear estima que as receitas não crescerão muito até julho, quando se prevê maior demanda nas férias. (AE)