Sábado, 21 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 7 de outubro de 2024
Mulheres que trabalham no setor de tecnologia não estão livres dos problemas vistos em outras áreas do mercado de trabalho. Uma pesquisa feita pelo Web Summit, um dos principais eventos de tecnologia do mundo, revelou que as mulheres que atuam no setor se sentem mal pagas, mal representadas e mal financiadas.
Entre as mais de mil entrevistadas no levantamento, 51% disseram se sentir mal remuneradas nas empresas em que trabalham. Além disso, 75% disseram que precisam trabalhar mais para serem reconhecidas da mesma forma que os seus colegas homens.
“Ainda vejo discrepâncias de salários entre gêneros com a mesma posição”, afirmou uma das entrevistadas.
De acordo com dados da Nash Squared divulgados no mesmo relatório do Web Summit, apenas 14% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres na indústria da tecnologia. Esse número é menor, mas não tão diferente do que acontece em outros grandes setores, em que a porcentagem feminina em cargos de liderança varia entre 26% e 29%. Em contrapartida a esse cenário pouco animador, 76% das entrevistadas disseram se sentir preparadas para serem líderes.
“A cultura que o setor de tecnologia promove é inclinada para a cultura masculina tóxica, celebrando líderes egoístas como Musk e admirando líderes femininas que copiam um comportamento semelhante”, disse uma das entrevistadas.
Cenário
Ainda de acordo com o levantamento, 69% das profissionais ouvidas se disseram insatisfeitas com as medidas que as empresas tomam para reverter esse cenário.
“Ser mulher em um ambiente predominantemente masculino significa ter de provar suas habilidades duas vezes mais, enfrentando desafios adicionais para ser reconhecida e valorizada”, disse outra entrevistada.
Nesse contexto, os avanços da inteligência artificial (IA) aparecem como aliados para o futuro feminino na indústria de tecnologia – 68% das entrevistadas na sondagem disseram acreditar que o impacto das IAs pode ser positivo para a igualdade de gênero no mercado. Mas o que há de fato por trás desses números?
O que a pesquisa do Web Summit mostra é que, ainda hoje a questão sobre a escolha entre a carreira e a família segue sendo um obstáculo para as mulheres do mercado de trabalho, já que 49% das profissionais entrevistadas disseram que se sentem pressionadas a optar por um dos dois lados. Esse número teve uma piora de 7 pontos porcentuais em relação à pesquisa do ano passado.
“Sem um suporte eficaz para o cuidado de crianças, fica mais difícil para as mulheres que também desejam ter uma família participarem plenamente da força de trabalho”, ressaltou uma das entrevistadas.
Machismo
O machismo persiste nas companhias de tecnologia, e a pesquisa revelou que 50,8% das mulheres ouvidas sentem as consequências do sexismo no ambiente de trabalho.
“Geralmente me interrompem e às minhas opiniões durante as reuniões”, disse uma das entrevistadas.
Preconceito de gênero, escolha entre carreira e família, carência de inspirações femininas no setor, síndrome de impostora, falta de suporte e dificuldades em financiamento estão entre os principais desafios apontados para o avanço em lideranças femininas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.