Segunda-feira, 28 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 14 de maio de 2019
As gigantes chinesas Huawei e Xiaomi, segunda e quarta maiores fabricantes globais de smartphones, respectivamente, estão de volta ao mercado brasileiro. Neste retorno, elas trazem produtos de ponta e intermediários, em linha com as demandas dos consumidores, que procuram aparelhos com boas configurações para um upgrade.
A aposta da Huawei é no topo de linha P30 Pro, considerado o smartphone com a melhor câmera do mercado, que começa a ser vendido nesta sexta-feira (17). O sistema desenvolvido pela Leica conta com quatro sensores, oferecendo características únicas, como o SuperZoom de 50x e resolução de 40 megapixels.
“A câmera é fantástica, a performance da bateria é superior ao padrão do mercado”, afirma o diretor de Vendas da Huawei, José Luiz Nascimento. “O consumidor brasileiro quer inovação.”
Para a reestreia no mercado brasileiro, a Xiaomi trouxe o Redmi Note 6 Pro, um aparelho intermediário com tela grande e quatro câmeras, e o aclamado Pocophone F1. Voltado para o público gamer, o smartphone oferece hardware robusto, a um preço relativamente acessível.
“O conjunto de especificações avançadas do Pocophone F1, aliada à tecnologia LiquidCool para resfriamento constante dos componentes, garante a capacidade de executar e instalar qualquer aplicativo já desenvolvidos, simultaneamente, sem travamentos ou falta de memória”, promete Luciano Neto, gerente de Produtos do Grupo DL, parceira da Xiaomi no Brasil.
Queda nas vendas
O mercado brasileiro de smartphones passa por um momento de transformação, com queda acentuada no volume de vendas. Em 2018 foram comercializados 46,9 milhões de aparelhos, retração de 6,8% em relação ao ano anterior. Nesse cenário, os desafios para Huawei e Xiaomi são grandes. Elas terão que disputar o interesse do consumidor, cada vez mais exigente, com marcas ainda pouco conhecidas por aqui.
“A previsão para este ano é de nova queda nas vendas, em relação a 2018. Existem fatores macroeconômicos, como a demora na recuperação dos investimentos e a alta do dólar”, avalia Renato Meireles, analista da consultoria IDC Brasil. “Nesse cenário ainda nebuloso, de incertezas, a gente tem as chinesas entrando. É um desafio para elas, que ainda têm uma percepção de marca muito baixa no nosso mercado.”
Se para o brasileiro Huawei e Xiaomi ainda são pouco conhecidas, globalmente elas estão entre as maiores fabricantes de smartphones do planeta. A Huawei, que até pouco tempo atrás tinha sua força como fornecedora de infraestrutura para operadoras de telefonia, ultrapassou a Apple no fim do ano passado e se tornou a segunda maior fabricante de celulares do mundo, atrás apenas da Samsung. No primeiro trimestre do ano, foi a única entre as quatro maiores a aumentar as vendas.
A Xiaomi chegou a ser conhecida como a “Apple chinesa”. Atualmente, ocupa a quarta posição no ranking de maiores fabricantes de aparelhos, atrás da gigante de Cupertino, que está em terceiro. Ela avança principalmente em países emergentes, como a China e a Índia — os dois maiores mercados de smartphones do mundo.
Maturidade
Mesmo com essa força, as chinesas não devem ter vida fácil no Brasil, onde enfrentarão marcas consolidadas na busca por espaço num mercado cada vez mais competitivo. Meireles explica que a indústria está atingindo a maturidade, o consumidor brasileiro não está mais comprando o seu primeiro smartphone, mas trocando um mais antigo. Um estudo realizado pela consultoria em outubro do ano passado mostra que 84% dos brasileiros já tiveram dois ou mais smartphones.
“O brasileiro não está mais comprando o seu primeiro celular, ele está trocando. Ele quer um aparelho melhor”, explica Meireles. “Os principais atributos que os consumidores pesquisam no momento da compra são memória interna, câmera, preço e marca. As chinesas terão que trabalhar bem o lado da marca.”
Se por um lado as vendas estão em queda, o faturamento está em alta: cresceu 6% em 2018. Os consumidores não estão mais comprando seus primeiros aparelhos, estão trocando, em busca de algo melhor. Celulares na faixa de R$ 500 a R$ 799, que já reinaram no país, registraram queda de 32% nas vendas, enquanto o segmento intermediário, entre R$ 1.200 e R$ 1.699 e entre R$ 1.700 e R$ 2.499, cresceram 33% e 74% respectivamente. O segmento premium, acima de R$ 2.500, avançou 16%.