Segunda-feira, 28 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 20 de janeiro de 2016
Investigado na Operação Lava-Jato sob suspeita de intermediar o pagamento de propina para o PMDB, o empresário Milton de Oliveira Lyra Filho e o sócio dele, o investidor Arthur Pinheiro Machado, operaram em empresas que captaram ao menos 570 milhões de reais do Postalis (o fundo de pensão dos funcionários dos Correios).
Área de influência do PT e do PMDB do Senado, o Postalis registrou um rombo de 5 bilhões de reais nos últimos quatro anos. A Polícia Federal aponta indícios de gestão temerária e crimes contra o sistema financeiro. Lyra já foi apontado como operador do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), no esquema de corrupção na Petrobras e seu nome apareceu em uma anotação apreendida no gabinete do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) sobre suposta propina de 45 milhões de reais para o PMDB.
Operador conhecido no mercado de capitais, Pinheiro Machado foi dono da corretora Ágora. Ele e Lyra foram sócios em duas empresas, a AML Properties e a Prestige Táxi Aéreo – esta última iniciou processo de homologação na Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), mas nunca foi autorizada a voar.
As ligações de Lyra e Machado com os cofres do Postalis chamaram a atenção da CPI dos Fundos de Pensão e de órgãos reguladores do mercado. Em 2010, Pinheiro Machado fundou o ATG (American Trading Group) para lançar uma nova bolsa de valores para concorrer com a BMF/Bovespa. Para levantar o dinheiro, a ATG lançou um fundo de investimento chamado ETB (Eletronic Trading Brazil) em setembro de 2010. Apenas duas semanas depois, o Postalis injetou 120 milhões de reais no negócio.
No ano seguinte, Lyra foi nomeado membro do conselho de administração do ATG enquanto o Postalis seguia realizando aportes. Para continuar capitalizando o empreendimento, Pinheiro Machado criou uma outra empresa, a Xnice Participações. O Postalis adquiriu debêntures (títulos de dívida) e novas cotas do empreendimento. O fundo dos Correios encerrou 2014 com 445 milhões de reais no ETB e na Xnice, já incluindo o rendimento dos juros. Quase seis anos após o lançamento, a nova bolsa ainda não saiu do papel.
Pinheiro Machado negou que tenha se beneficiado de contatos políticos para obter dinheiro do fundo de pensão. “O Postalis nunca perdeu dinheiro com a gente: na debênture da RO Participações, investiu 72 milhões de reais e resgatou 90 milhões. Na Alubam, anteciparemos pagamento dos juros, que é substancial, em menos de um ano”, disse ele. Segundo Machado, a nova bolsa ainda depende de autorização dos órgãos reguladores para começar a operar. Já Lyra disse que jamais atuou para buscar recursos no Postalis para qualquer empresa. (Folhapress)