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Colunistas Encarnação do mal

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Trump bota abaixo uma certa ordem existente no mundo – que não é nem nunca será perfeito. (Foto: The White House/Divulgação)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

É mais do que duvidosa a teoria de que a história tem um rumo pré-traçado, de que é uma “ciência” que se move dentro de um conjunto de regras inexoráveis – trata-se de um curso sinuoso, em que abundam as situações imprevistas e imponderáveis. Feita e escrita pelos homens, reflete a maneira singular como cada um de nós se comporta na quadra da existência.

Como em Tolstoy, “a história é cega, é o resultado de infinitas ações que escapam do nosso conhecimento e vontade “. Ou como Shakespeare: “ A vida é uma sombra que passa, é uma história contada por um idiota, cheia de ruído e furor e que nada significa”.

Não, a história não é “uma inevitável marcha ascendente, rumo à luz, ao socialismo” como proclamam os socialistas.

Isso vem a propósito da ascensão de Donald Trump nos Estados Unidos, um país de invejável tradição democrática, sem embargo das vezes em que, em nome de interesses imperiais, interviu de forma injusta , violenta e predatória contra inimigos históricos e de ocasião.

Com todos os méritos da sociedade americana, com todo o aparato dos EUA, o império da América, o grau de desenvolvimento social, econômico, cultural e institucional, contudo, os americanos elegeram pela segunda vez esse personagem sinistro, Donald Trump, figura abominável sob o ângulo que se queira ver e analisar. Não era para dar essa guinada.

Já antes o grande escritor americano Philip Roth havia escrito este libelo sobre ele: “Trump é um ignorante em governo, história, ciência, filosofia, incapaz de reconhecer sutileza ou nuance, destituído de toda decência, detentor de um vocabulário de 77 palavras (…).

Pois esse homem de baixa extração, com tal soma de más qualidades (muito mais se poderia dizer nesse sentido), entretanto, empolgou o povo americano duas vezes, fazendo-o primeiro mandatário da nação mais poderosa do mundo.

Não alimento preconceitos contra nações ou povos. Isso vale para os americanos. Mas Trump dá vontade de abrir exceção quando sabemos que foi o voto livre e democrático o que levou esse protagonista patético ao comando da América. Não há como fugir: o governante eleito diz muito do seu próprio povo.

De novo no poder, está com a mão na massa para fomentar em cada área que lhe diz respeito, bem como naquelas em que não deveria meter o bedelho – a política da contradição, da mentira, do caos, em que nada segue a lógica estabelecida em tantos anos, expressão dos embates no mundo, fruto de tratados e acordos exaustivamente elaborados por diplomatas, homens de negócio, estadistas.

Em meio a desacatos, ameaças inclusive a aliados históricos, bravatas, mentiras a granel, avanços e recuos baratinados, Trump se esforça para corresponder a todos os epítetos que lhe endereçou Philip Roth e provavelmente para o fim de acrescentar mais alguns da mesma categoria.

Trump bota abaixo uma certa ordem existente no mundo – que não é nem nunca será perfeito – levando à loucura não somente aqueles que o enxergam como a encarnação do mal, mas e inclusive os que sempre perfilaram ao lado da América em momentos cruciais da humanidade.

* Contato: titoguarniere@terra.com.br

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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