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Enchentes no RS podem espalhar alta de preços de frango e suíno pelo Brasil

A avaliação de analistas e fontes do setor é que a elevação dos preços, nos dois casos, deve migrar para outras regiões do Brasil. (Foto: Governo do Estado de São Paulo)

Com o risco de desabastecimento diminuindo, o efeito imediato das enchentes das últimas semanas no Rio Grande do Sul para o setor de aves e suínos é de alta nos preços.

As cotações do frango seguem estáveis, mas o suíno vivo já registra altas na região Sul do País. E a avaliação de analistas e fontes do setor é que a elevação dos preços, nos dois casos, deve migrar para outras regiões do Brasil.

A exceção é a pecuária bovina. Os gaúchos são produtores de gado bovino e, assim como os frigoríficos locais, passam por diversos problemas decorrentes das chuvas. Todavia, as raças predominantes são europeias, adaptadas ao frio, e com pouca circulação fora do Rio Grande do Sul. Isso indica que os preços da arroba boi no Brasil devem continuar em queda ou estáveis, pressionados pela oferta ainda elevada.

Dados apurados por uma consultoria mostram que, nos últimos sete dias, o valor do suíno vivo subiu 4% no Paraná, para R$ 6,09 por quilo. Em Santa Catarina, o avanço foi de 6,2% no período, para R$ 5,88. No Rio Grande do Sul, a alta foi de 2,3%, para R$ 5,97 por quilo.

No frango, os preços para os três Estados permaneceram estáveis, mas Yago Travagini Ferreira, head de proteína animal da Agrifatto, acredita que os avanços ocorrerão não ficarão restritos ao Sul.

“Eu diria que pode subir sim, no curto prazo. O Rio Grande do Sul está entre os três maiores polos produtores de suínos e aves do Brasil e os municípios em calamidade pública correspondem a mais de 65% do rebanho avícola/suinícola do Estado”, afirmou.

Além disso, boa parte das indústrias de aves e suínos está nos municípios atingidos.
“A indústria já voltou a operar, no entanto, o problema está em mensurar a quantidade de granjas que foram destruídas, na logística para chegar até essas granjas e em levar nutrição para esses animais”, argumentou.
Nesse cenário, Ferreira avalia que pode haver um impacto sobre a precificação em outras regiões, “principalmente nos próximos 30 a 60 dias. Mas não deve ser uma explosão nos preços”.

Fernando Iglesias, analista da consultoria Safras & Mercado, disse que o abastecimento de aves e suínos chegou a ser comprometido no período mais crítico para os frigoríficos. Ele também avalia que pode haver alta.

“A gente deve ver nas próximas semanas algum avanço [de preços], e depois pode chegar a impactar outras regiões do Brasil se o gargalo da produção se mantiver por um período mais longo”, afirmou o analista.

Até o momento, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e as associações de avicultura e suinocultura gaúchas estimam que o sistema produtivo do Estado pode levar 30 dias para se recompor. A estratégia é deslocar os animais a unidades industriais que estejam com operação normalizada e fazer chegar ração às granjas.

O presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs), Valdecir Folador, disse que os dias de situação mais grave foram de 30 de abril a 5 de maio, quando as estradas estavam quase todas travadas.

Desde então, as empresas e cooperativas começaram a desobstruir as vias e ter acesso aos produtores e granjas.
“As coisas estão melhores, está chegando ração em praticamente todas as granjas, os acessos foram liberados. Não estamos em condições 100% plenas, mas muito próximo disso. A movimentação de animais de uma fase a outra e para os frigoríficos também está caminhando de uma forma mais próxima da normalidade”, afirmou.

 

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