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Por Redação O Sul | 22 de outubro de 2017
A pouco menos de um ano para a eleição de 2018, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) enfrenta seu pior momento político. O sonho de disputar a Presidência da República foi enterrado, mas ele ainda não jogou a toalha em relação à reeleição ao Senado, embora alguns de seus principais aliados reconheçam que a disputa por uma das 513 vagas na Câmara dos Deputados seja seu caminho mais provável.
Um ano atrás, era candidato incontestável à Presidência, com um recall de 48 milhões de votos da disputa com a presidente deposta Dilma Rousseff. Agora, Aécio sai de uma posição de líder de grupo político dominante em Minas – e em boa parte do País – para se dedicar à mais dura disputa de sua vida: fazer sua defesa sobre as denúncias no STF (Supremo Tribunal Federal) e garantir um mandato, provavelmente de deputado federal.
Na quarta-feira passada, quando retornou ao Senado depois de 22 dias afastado por medidas cautelares impostas pela Primeira Turma do STF, foi recepcionado no gabinete por uma comissão de prefeitos do norte de Minas. Seus aliados mineiros dizem que, embora Aécio nacionalmente esteja numa situação muito ruim, a lógica da política local é diferente, mesmo porque o governador Fernando Pimentel (PT) e seu grupo político também enfrentem desgaste acumulado pelas dificuldades administrativas e pela crise fiscal do Estado.
A estratégia é voltar a Minas assim que a onda de inquéritos por corrupção no Supremo permitir, e discutir a implementação de ações políticas no interior, junto a prefeitos eleitos em 2016. Da mesma forma, ele pretende se dedicar a defender o legado das duas administrações tucanas no estado.
Mas nem em Minas a vida de Aécio também não será fácil. O PT domina a máquina estadual com o governador Fernando Pimentel. O governador irá disputar a reeleição com uma aliança forte: a maioria do PMDB, PCdoB, PV, PDT e parte do PR. O PSDB mantém aliança com o Democratas, PPS, PTB e talvez com o PSD e ainda não tem um nome forte para o governo.
Hoje, o nome que mais empolga o grupo de Aécio para uma composição no Estado, segundo os tucanos, é o do deputado Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), presidente da Comissão de Constituição e Justiça, com apoio do Planalto. O senador Antônio Anastasia (PSDB-MG) já adiantou que não quer de jeito nenhum participar da disputa.
O deputado Marcos Pestana diz que Aécio está muito fragilizado. Sua situação se complica pelo clima de desconfiança geral com políticos. E diz que o amigo tucano “deu azar de, no meio de 150 deputados e senadores investigados no STF, virou o símbolo desse “momento tenebroso”.
“O futuro de Aécio está em jogo em Minas, mas só vai ser decidido lá na frente. Entre os prefeitos ainda tem muito reconhecimento, mas é um momento delicado, não adianta tapar o sol com a peneira. A confiança em Aécio foi abalada e ele vai precisar de fazer um grande esforço de comunicação para convencer o eleitor, que precisa ouvir sua voz e olhar nos seus olhos”, avalia o deputado Marcos Pestana.
Com forte resistência até entre algumas correntes do partido ligadas ao presidente interino Tasso Jereissati (CE), o presidente licenciado, entretanto, não jogou a toalha na disputa pelo Senado. Se agarra no apoio do presidente Michel Temer, dos ministros tucanos e de correntes ligadas ao grupo liderado pelo candidato à sua sucessão em dezembro, o governador de Goiás Marconi Perillo.
Também se fixa no do prefeito de São Paulo, João Dória, que essa semana saiu em defesa.
Para a disputa ao Senado, na vaga de Aécio, o PSDB também ainda não tem um nome forte que impulsione votos para Aécio em uma eventual candidatura à Câmara dos Deputados. Em um levantamento do Instituto Paraná, a ex-presidente Dilma Rousseff aparece em primeiro lugar nas intenções de votos para o Senado, em Minas. Em segundo, o ex-procurador-geral Rodrigo Janot e, em terceiro, Aécio. O PT local, no entanto, resiste em apoiar a candidatura de Dilma e deverá dar a preferência ao deputado Reginaldo Lopes (PT-MG).