Quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 15 de fevereiro de 2025
Quem se formou recentemente em engenharia, medicina ou oceanografia pôde se inserir no mercado de trabalho com uma boa vantagem: essas ocupações estão entre as dez que ofereceram os maiores salários médios de admissão do país em 2024. No ranking, também aparecem cargos como diretores de espetáculos e geofísicos. Os salários iniciais vão de R$ 9,4 mil a R$ 13,7 mil.
Os dados são do estudo “Raio-X do Salário de Admissão em 2024”, elaborado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho.
De acordo com o gerente de Estudos Econômicos da Firjan, Jonathas Goulart, o aquecimento da atividade econômica observado ao longo do ano passado, e a consequente melhora no mercado de trabalho, com o desemprego em mínimas históricas, são fatores que geram uma demanda maior por mão de obra, o que acaba influenciando nos salários oferecidos pelas empresas.
“A gente passou por um período de crise pós-covid, e agora está no final desse processo de recuperação mais forte, em que a gente observa, no último ano, o mercado de trabalho bem aquecido. A falta de trabalhador vem sendo um entrave pros empresários nos últimos meses, o que aumenta os salários de admissão”, explica Goulart.
Novas vagas
Goulart menciona dados do Novo Caged, que mostram que o saldo de novas vagas no Brasil foi de 1.693.673 em 2024. Diante da demanda por trabalhadores, o percentual de demissões voluntárias atingiu 36% no ano passado, o maior patamar anual desde o início da série histórica, em 2020.
“Seguindo essa lógica, aqueles setores que estão mais aquecidos naturalmente acabam tendo mais demanda por mão de obra, o que acaba pressionando também os salários. Então, quando a gente olha os setores industriais, principalmente em atividades ligadas à engenharia, ou à tecnologia, por exemplo, como engenheiro de computação, aquela força de trabalho que já costuma ficar em falta porque exige maior capacidade técnica, (as empesas) acabam oferecendo salários ainda maiores com a economia mais aquecida”, diz.
Setor industrial
Entre os grandes setores da economia, o industrial se destacou com o maior salário médio de admissão: R$ 2.310. Os serviços vieram logo atrás, com R$ 2.250, ambos acima da média nacional.
Por outro lado, os setores de agropecuária e comércio apresentaram salários de admissão menores, registrando R$ 2.011 e R$ 1.926 respectivamente.
Olhando pela perspectiva dos estados, os maiores salários médios de admissão foram registrados em São Paulo (R$ 2.473), Distrito Federal (R$ 2.284) e Rio de Janeiro (R$ 2.223).
Maiores salários
Das dez profissões com maiores salários de entrada, sete são ligadas à engenharia, o que acaba pesando para muita gente na hora de escolher qual profissão seguir.
Outra carreira que segue a mesma linha é a de médicos clínicos, que já tem historicamente uma maior demanda no Brasil, o que faz com que seus salários sejam naturalmente mais altos.
Segundo Fabiane Borges, especialista em RH, outro fator que contribui para a maior remuneração de ocupações como engenheiros e médicos, além da demanda, é a especialização. Se, em média, o tempo para repor uma vaga é de 15 dias, no último ano, ela viu essas ocupações mais especializadas levarem em torno de 62 dias para serem preenchidas.
Já para geólogos, oceanógrafos, geofísicos e afins, Imaizuni acredita que os maiores salários têm relação com empresas de mineração, como Petrobras ou Vale, além de serem ocupações que também demandam maior especialização.
“Em termos de mineração, a gente é um país que tem grandes empresas que ofertam bons salários para esses tipos de cargos”, diz Imaizuni.
Média salarial
* Engenheiros em computação – R$ 13.794
* Engenheiros de minas e afins – R$ 13.055
* Diretores de espetáculos e afins – R$ 11.716
* Engenheiros químicos e afins – R$ 11.181
* Engenheiros mecânicos e afins – R$ 10.838
* Geologos, oceanógrafos, geofísicos e afins – R$ 10.642
* Médicos clínicos – R$ 10.071
* Engenheiros de produção, qualidade, segurança e afins – R$ 9.960
* Pesquisadores de engenharia e tecnologia – 9.708
* Engenheiros eletricistas, eletrônicos e afins – R$ 9.489.