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Geral “Enquanto existirem armas atômicas, há o risco de serem usadas”, afirma chefe de organização nuclear

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Declaração é d Robert Floyd, secretário-executivo da Organização para o Tratado de Proibição de Testes Nucleares. (Foto: Divulgação/CTBTO)

No início de agosto, o secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), António Guterres, afirmou que o mundo estava a “um erro de cálculo” da aniquilação nuclear, ressaltando uma ameaça que há décadas parecia dissipada. A Rússia colocou suas forças de dissuasão em alerta elevado no início da invasão da Ucrânia, Estados Unidos e China estão modernizando seus mísseis intercontinentais, e a Coreia do Norte pode, a qualquer momento, realizar mais um teste com armas atômicas.

As explosões norte-coreanas foram, no entanto, uma exceção. Em entrevista ao jornal O Globo, o australiano Robert Floyd, secretário-executivo da Organização para o Tratado de Proibição de Testes Nucleares (CTBTO), afirma que, embora o pacto exija novas ratificações para entrar em vigor, ele estabeleceu um padrão que já vem impedindo novos testes de artefatos nucleares neste século. Leia abaixo alguns trechos da entrevista.

– O senhor imaginaria que, em 2022, o tema “segurança nuclear” estaria tão em alta?Há algumas coisas no atual contexto que poderiam chamar a atenção das pessoas, a principal o fato de uma potência nuclear colocar suas forças de dissuasão em estado de alerta, e a mensagem que isso manda para o mundo. E isso me faz lembrar que, enquanto houver armas nucleares, há o risco de usá-las. Não importa se de forma intencional ou não. Por isso vejo a proibição de testes como um caminho para, no futuro, chegarmos a um mundo sem armas nucleares além do desejável.”

– Desde a abertura do tratado para assinaturas, em 1996, houve apenas três testes nucleares, sendo que os três de Estados que não aparecem entre os signatários. Podemos dizer que esse acordo é um dos mais bem-sucedidos textos relacionados à segurança nuclear coletiva?Deixe-me colocar dessa forma: até 1996, ocorreram mais de dois mil testes nucleares, e a potência combinada dos testes chegava, por ano, ao equivalente a mil bombas de Hiroshima. Desde então, ocorreram uma dúzia de testes e, neste século, eles foram realizados por apenas um Estado [a Coreia do Norte]. Não estou falando se esses Estados são signatários, se eles ratificaram o texto, mas estou falando de uma poderosa norma global, o que é bom para a segurança e a paz. Um acordo que é tão poderoso que, neste século, apenas um Estado rompeu essa norma. E uma razão pela qual esse texto é tão poderoso é o papel da CTBTO para estabelecer um sistema de verificações. Ele pode detectar se houve uma detonação nuclear em qualquer lugar, a qualquer momento.”

– Mesmo assim, o acordo ainda não entrou em vigor, uma vez que não foi atingido o número mínimo de países que ratificaram o Anexo 2 do texto, certo?Há oito países que precisam ratificar esse anexo, e há ainda um grupo de 18 países que não são críticos para que o acordo passe a valer, mas são importantes. Contudo, creio que agora seja o momento em que os Estados deixarão de apenas defender verbalmente o acordo e vão assiná-lo e ratificá-lo.”

– Em junho, o senhor fez um apelo para que a Coreia do Norte se comprometa a não realizar novos testes, mas informações recentes apontam que o país está prestes a detonar mais um artefato. Qual a mensagem que esses preparativos e um eventual novo teste, o sétimo, mandam para o mundo?Nós estamos vendo evidências de preparativos para alguma coisa no local de testes usados pela Coreia [do Norte] no passado, e certamente parecem preparativos para um novo teste. A mensagem vinda do governo norte-coreano sugere que um novo teste é possível. É verdade que Kim Jong-un se comprometeu, em 2018, a pausar os testes, no contexto de conversas que estavam acontecendo com os EUA. Meu encorajamento a ele seria que tornasse esse compromisso algo permanente, como uma forma de construir uma relação de confiança.” As informações são do jornal O Globo.

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