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Colunistas Ensino e senso crítico

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Pesquisa sobre os profissionais da rede particular de ensino mostra as diferenças do vencimento médio nos estados. (Foto: Divulgação)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

O governo do Paraná teve uma certa coragem, ao fazer um ajuste nas 25 aulas semanais obrigatórias do Ensino Médio, reduzindo as aulas de Sociologia, Filosofia e Artes a apenas uma por semana (eram duas cada), e aumentando em duas as de Matemática (incluindo aí uma matéria de Educação Financeira) e em uma de Português.

Mas ninguém mexe na educação sem que haja uma grita geral dos professores e dos respectivos sindicatos. Segundo eles a mudança afeta exatamente as matérias que ensinam o aluno a “pensar o pensamento” (?). São matérias – sustentam eles – que, uma vez diminuídas do currículo, causam grande impacto na formação dos alunos. Pelo que costumam dizer parece que o objetivo final da educação é dotar os alunos de um “senso crítico”.

A mudança do Paraná desde logo recebeu a rotulagem fácil de “neoliberal”. Também mereceu a acusação de servir ao propósito sórdido de “baratear a mão de obra” dos trabalhadores.

O objetivo da educação é capacitar as crianças e os jovens para o trabalho, a vida, o exercício da cidadania. Mas há uma hierarquia: em primeiro lugar a educação, em todos os lugares, visa habilitar os alunos para uma profissão, um ofício – habilitar para o mundo do trabalho. Não faz o menor sentido falar de cidadania se as pessoas não tiverem, no tempo certo, um trabalho digno, uma ocupação decente para ganharem a vida e serem socialmente úteis. No desemprego, na informalidade precária, não há que se falar em cidadania.

A sociologia certamente é uma temática útil para pensar e repensar o mundo, as relações sociais, a vida em sociedade. A filosofia cumpre papel importante, indispensável na reflexão sobre a essência e o sentido da vida. As artes nos propiciam um refúgio de paz e beleza diante de um mundo inóspito.

Tudo tem valor e importância. Essas matérias são valiosas na escola e não foram extintas, apenas deram lugar às exigências do tempo presente. O que o Brasil precisa desesperadamente é criar postos de trabalho e emprego. Os alunos de ensino médio do Paraná não perderão horas de ensino. As aulas a menos, em Sociologia, Filosofia e Artes, serão compensadas pelo acréscimo em Matemática e Português, disciplinas básicas. “Primeiro viver, depois filosofar” (Hobbes).

Classificar tão modesta reforma de neoliberal é apenas um vício de linguagem de certas áreas das ciências sociais e da economia, uma arma sempre pronta para ser sacada diante de qualquer ameaça, suposta ou verdadeira.

E menos ainda, a reforminha vai “baratear a mão de obra “dos trabalhadores. É o inverso. Mais aulas de Matemática e Português, disciplinas básicas, ampliam as chances de um emprego mais qualificado, portanto, melhor remunerado. No mínimo, mais do que as abstrações da sociologia e filosofia.

E em nada comprometem a formação de um senso crítico – artigo escasso do mundo da pobreza, da informalidade, do emprego precário, do desemprego. Tanto quanto é escasso no ambiente alienante daqueles que acham que o sistema de ensino brasileiro é exemplar e intocável.

titoguarniere@hotmail.com

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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