Terça-feira, 29 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 11 de outubro de 2023
O mais recente conflito entre Israel e o Hamas expõe um impasse entre grupos diferentes que se estende por décadas. Há mais de 70 anos, a região vive uma disputa por territórios, que já resultou em enfrentamentos armados e mortes. Mas, afinal de contas, qual é a diferença entre israelenses, palestinos e o grupo Hamas?
Uriã Fancelli, mestre em relações internacionais pelas universidades de Estrasburgo e Groningen, explica que há três principais pontos para explicar essa pergunta.
Em termos gerais, segundo Fancelli, seria possível definir os grupos da seguinte maneira:
– Israelenses: cidadãos do Estado de Israel, que foi criado no fim da década de 1940.
– Palestinos: povo etnicamente árabe, de maioria muçulmana, que habitava a região entre o Rio Jordão e o Mar Mediterrâneo.
– Hamas: grupo extremista armado que é uma das principais organizações islâmicas nos Territórios Palestinos (são duas áreas não contínuas: a Faixa de Gaza e a Cisjordânia) e que controla a Faixa de Gaza desde 2007.
Veja, a seguir, mais detalhes sobre cada um desses pontos.
Israelenses
Em 1947, as Nações Unidas propuseram a criação de dois Estados: um judeu e um árabe. Esses Estados seriam instalados na Palestina, sob um mandato britânico.
A ideia, segundo Uriã Fancelli, era “concretizar a promessa de se fundar um território para os judeus, que estavam há muitos séculos dispersos pelo mundo e que haviam acabado de sofrer uma perseguição inimaginável pelo Holocausto”.
“Israel foi fundada para ser o ‘lar dos judeus’, que começaram a imigrar de diversos países do mundo para se concentrar no país”, explica.
À época, a proposta foi aceita por líderes judeus, mas rejeitada pelo lado árabe. Com o impasse, os judeus proclamaram o Estado de Israel em 1948, gerando revolta entre palestinos. Isso resultou na guerra árabe-israelense, no mesmo ano.
Palestinos
Diante do conflito, a comunidade internacional propôs a criação de um Estado palestino que deveria coexistir em paz com Israel.
Segundo Fancelli, muitos palestinos acabaram se dispersando para territórios vizinhos após a fundação do Estado de Israel, como a Faixa de Gaza e a Cisjordânia.
“Apesar de a maior parte dos palestinos estarem em Gaza e na Cisjordânia, as duas regiões são geograficamente separadas por Israel”, diz.
“Em 2012, a ONU reconheceu o “Estado da Palestina” como Estado observador, mas ainda não há um território muito bem delimitado do que seria esse Estado.”
Hamas
Mesmo com interferência da comunidade internacional e com várias tentativas de manutenção da paz na região, os conflitos persistiram. Isso abriu espaço para que um grupo islâmico armado ganhasse força: o Hamas.
Segundo Fancelli, desde 2006 o Hamas tem o controle da Faixa de Gaza, onde moram cerca de 2 milhões de palestinos. O grupo radical quer a extinção do Estado de Israel.
“Algo importante de frisar é que a maior parte dos integrantes do Hamas é de palestinos, contudo, nem todo palestino necessariamente faz parte do Hamas.”
“Confundir os palestinos com o Hamas é a mesma coisa que dizer que todo afegão é membro da Al-Qaeda”, explica. As informações são do portal de notícias G1.