Quinta-feira, 06 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 8 de maio de 2019
Ganharam força, na última semana, os embates entre o escritor Olavo de Carvalho e a ala militar do governo de Jair Bolsonaro. Dessa vez, as críticas do escritor se centraram no general Villas Bôas, ex-comandante do Exército, que saiu em defesa do também general Santos Cruz, da Secretaria de Governo.
Santos Cruz foi xingado por Olavo, que criticou um cometário do general sobre redes sociais. Villas Bôas, por sua vez, disse, em postagem na internet, que Olavo não tem “princípios básicos de educação, de respeito e de um mínimo de humildade e modéstia” e que seria um “Trótski de direita”.
Os pontos de tensão entre Olavo e militares, contudo, não são novidade. Há algumas semanas, o alvo foi o vice-presidente, general Hamilton Mourão, duramente criticado por olavistas e pelos filhos do presidente. Nesta terça (07), Bolsonaro defendeu Olavo, mas disse que esperava que o conflito chegasse ao fim.
Bolsonaro conheceu Olavo de Carvalho a partir de seus filhos, em especial o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), que são admiradores do escritor. Em março, durante a viagem presidencial aos EUA, Bolsonaro, Eduardo e Olavo estiveram em um jantar na residência oficial do embaixador do Brasil em Washington. Ao deixar o jantar, durante o qual foi homenageado por Steve Bannon, ex-estrategista de Donald Trump, Olavo disse ter conversado apenas quatro vezes com o presidente brasileiro e afirmou que não sabia ao certo quais eram as ideias políticas dele.
No início deste mês, Bolsonaro concedeu ao escritor o mais alto grau da Ordem de Rio Branco, condecoração dada pelo governo do Brasil para “distinguir serviços meritórios e virtudes cívicas, estimular a prática de ações e feitos dignos de honrosa menção”.
Qual a influência de Olavo no governo Bolsonaro?
Apontado como guru de Bolsonaro, Olavo foi responsável pela indicação de dois ministros: Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Ricardo Vélez Rodríguez, demitido do MEC (Ministério da Educação) no início de abril. Seu sucessor no ministério, o economista Abraham Weintraub, foi aluno do escritor. O assessor especial do presidente para Assuntos Internacionais, Filipe Martins, também é seguidor de Olavo.
Até o momento, não está muito claro qual o tamanho da influência do escritor nas decisões do governo. Contudo, Olavo é apontado como o pivô de diversas demissões no MEC, e Vélez foi demitido após ter sofrido diversas críticas do escritor.
Qual a origem dos conflitos entre Olavo e militares?
Olavo tem feito críticas públicas à atuação dos militares no governo Bolsonaro, o que inclui o vice-presidente, e já pediu a seus ex-alunos que deixem o governo. As críticas a Mourão tiveram início na relação do vice com a imprensa. O escritor é um crítico da imprensa e defende que a gestão Bolsonaro não mantenha um bom relacionamento com jornalistas e empresas jornalísticas.