Domingo, 02 de fevereiro de 2025

Porto Alegre

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Mundo Entenda como a China pode ganhar ainda mais força na América Latina diante das tensões provocadas por Trump

Compartilhe esta notícia:

Hoje, a China é o principal parceiro comercial da América do Sul e o segundo maior da América Latina, depois dos Estados Unidos. (Foto: Divulgação/White House)

A crescente tensão entre o novo governo dos Estados Unidos, com Donald Trump à frente da Casa Branca, e a América Latina, é uma ótima notícia para a China, avaliam especialistas consultados pela BBC News Brasil.

As decisões do novo presidente americano de congelar programas de ajuda, bloquear refugiados e ampliar a deportação de migrantes — assim como a mais recente crise diplomática com a Colômbia — são apenas parte do problema, afirma Oliver Stuenkel, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e pesquisador afiliado do think-tank Carnegie Endowment for International Peace, em Washington D.C..

Segundo o especialista, as ameaças feitas por Trump em relação à Groenlândia, o Canal do Panamá e o Golfo do México, assim como a decisão de classificar cartéis de drogas mexicanos como organizações terroristas, aprofundam a desconfiança em relação aos Estados Unidos e devem empurrar as lideranças latino-americanas para uma nova estratégia de alianças.

E a China pode ser uma das grandes beneficiadas.

No domingo (26/1), Donald Trump anunciou que a Colômbia seria alvo de punições por questionar a nova política de imigração do governo americano.

O presidente americano disse que iria impor imediatamente uma tarifa de 25% sobre todas as importações colombianas e aumentaria a tarifa para 50% em uma semana.

Washington também ameaçou impor sanções bancárias e financeiras contra a Colômbia, além de aplicar uma proibição de viagens e revogar vistos de funcionários do governo colombiano.

A medida foi uma retaliação à decisão do presidente colombiano, Gustavo Petro, de não autorizar o pouso de dois aviões militares americanos transportando cidadãos colombianos deportados pelos Estados Unidos.

Horas depois do impasse, porém, Colômbia e Estados Unidos anunciaram que Bogotá aceitaria todos os voos com imigrantes deportados — e que os Estados Unidos não adotariam sanções.

Mas o governo colombiano não foi o único a reagir às novas políticas migratórias de Trump.

O governo brasileiro convocou o encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, para prestar esclarecimentos sobre os voos enviados pelo governo americano com brasileiros deportados usando algemas.

“O melhor momento das relações”

Durante a disputa entre Estados Unidos e Colômbia, o embaixador da China em Bogotá, Zhu Jingyang, aproveitou para postar em suas redes sociais uma entrevista dada ao jornal El Tiempo na semana anterior.

Zhu destacou o fato de China e Colômbia estarem “no melhor momento” de suas relações diplomáticas, que completam 45 anos.

Interlocutores e analistas imediatamente interpretaram a postagem como um sinal de que a diplomacia chinesa acompanha de perto os últimos desenvolvimentos – e está pronta para ampliar sua cooperação não apenas com o governo colombiano, mas com toda a América Latina.

Posteriormente, o embaixador Zhu Jingyang pediu que não tirassem suas declarações de contexto e ressaltou que a declaração havia sido dada uma semana antes das disputas sobre a deportação de migrantes.

Quando questionada sobre a posição da China em relação ao tema, Mao Ning, uma das porta-vozes do Ministério de Relações Exteriores da China, disse que este era um assunto a ser discutido apenas entre EUA e Colômbia.

Ainda assim, especialistas veem o momento como uma oportunidade para a China expandir ainda mais seus investimentos e sua influência.

David Castrillon Kerrigan, professor-pesquisador da Universidade Externado da Colômbia, explica que a expansão da presença chinesa na América Latina já é uma realidade há pelo menos duas décadas.

Até 2000, o mercado chinês representava menos de 2% das exportações da América Latina.

Hoje, a China é o principal parceiro comercial da América do Sul e o segundo maior da América Latina, depois dos Estados Unidos.

Essa parceria têm se expandido tanto que alguns economistas preveem que o comércio entre China e América Latina pode ultrapassar US$ 700 bilhões até 2035.

Nos últimos anos, o governo chinês assinou acordos de livre comércio com Chile, Costa Rica, Equador, Nicarágua e Peru — e as negociações sobre um acordo com o Uruguai fracassaram após oposição do Mercosul.

Pequim também expandiu sua presença cultural, diplomática e militar por toda a região. Mais recentemente, inaugurou um megaporto no Peru como parte da sua iniciativa estratégica Nova Rota da Seda.

O projeto chinês vem sendo implementado há anos e tem entre os seus objetivos aumentar a presença e a influência chinesa no mundo.

Ao menos 22 países na América Latina e no Caribe já se juntaram à iniciativa e a Colômbia anunciou planos de fazer o mesmo em breve.

Os chineses vêm cortejando o Brasil a aderir ao projeto há anos, mas o governo resistiu até agora.

Ainda assim, o país é, de longe, o principal parceiro comercial da China na América Latina.

E é possível que esta relação continue a crescer, a julgar pelos 15 acordos comerciais bilaterais avaliados em cerca de US$ 10 bilhões (R$ 51 bilhões), que foram assinados pelos dois países durante a visita oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à China, em 2023. As informações são do portal G1.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Mundo

Saiba como o Brasil e outros países da América Latina podem se proteger de retaliações de Trump
Davi Alcolumbre é eleito presidente do Senado com 73 dos 81 votos e retorna ao posto após quatro anos
https://www.osul.com.br/entenda-como-a-china-pode-ganhar-ainda-mais-forca-na-america-latina-diante-das-tensoes-provocadas-por-trump/ Entenda como a China pode ganhar ainda mais força na América Latina diante das tensões provocadas por Trump 2025-02-01
Deixe seu comentário
Pode te interessar