Sábado, 28 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 21 de maio de 2024
Com a tragédia causada pelas fortes chuvas no Rio Grande do Sul, começaram a surgir casos de mortes causadas pela leptospirose, doença bacteriana associada ao contato com água contaminada. A cidade de Travesseiro, no Vale do Taquari, registrou o primeiro óbito relacionado à doença, e outra foi confirmada no município de Venâncio Aires. O Estado já registra 19 casos confirmados.
A incidência da moléstia aumenta após enchentes e alagamentos. Pessoas que tiveram contato com a água ou lama de enchentes e que apresentarem febre associada a dores de cabeça ou a dores musculares podem estar contaminadas.
A leptospirose é uma doença causada pela bactéria Leptospira , se hospeda em alguns animais, principalmente ratos e outros roedores. A infecção acontece pela exposição direta ou indireta à urina desses animais. A bactéria invade o organismo através de pequenas feridas na pele, nas mucosas ou em membros que ficam imersos em água contaminada.
Trata-se de uma doença infecciosa febril aguda, que, embora se manifeste de forma branda em algumas pessoas, pode causar quadros graves.
A primeira fase dos sintomas dura cerca de 3 a 7 dias e geralmente se caracteriza pelo aparecimento repentino de febre, acompanhado de dor de cabeça, dor muscular, anorexia, náuseas e vômitos, o que dificulta o diagnóstico diferencial de outras doenças que se manifestam de maneira parecida, como a dengue.
Na última fase dos sintomas, a depender da gravidade do quadro, o paciente poderá apresentar icterícia (a cor da pele fica amarelada), insuficiência renal e hemorragia, mais comumente pulmonar.
A prefeitura de Porto Alegre divulgou um comunicado informando que pessoas que tiveram contato com a água das cheias e inundações devem ficar atentas a possíveis sintomas da doença. A recomendação de atenção também é válida para profissionais de saúde, no atendimento a pacientes.
A Secretaria de Saúde do RS atenta para a necessidade de reforço nos cuidados, inclusive para o risco de dengue, por conta das enchentes.
“As enchentes são relacionadas a agravos imediatos como lesões de pele e infecções. Após alguns dias iniciam os agravos relacionados diretamente às enchentes como leptospirose, hepatite A, tétano e acidentes com animais peçonhentos. Por último, após as águas baixarem, podemos ter um aumento nos casos de dengue, casos as temperaturas favoreçam, pois criam-se depósitos nos entulhos deixados, que podem servir de criadouro. A orientação, nesses casos, é que a população elimine os criadouros, (dentro do possível, já que muitas vias públicas também estarão afetadas) não deixando água acumulada nos recipientes e eletrodomésticos que foram estragados e viraram entulho após a enchente”, informou Valeska Lizzi Lagranha, bióloga do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs).
Cuidados preventivos
* Evite o contato com água ou lama de enchentes ou esgotos. Impeça que crianças nadem ou brinquem nesses locais, que podem estar contaminados pela urina dos ratos.
* Após a água baixar, para retirar a lama e desinfetar o local proteja-se com botas e luvas de borracha, evitando assim o contato da pele com água e lama contaminadas. Sacos plásticos duplos também podem ser amarrados nas mãos e nos pés.
* Para desinfectar a área atingida pela lama ou água da enchente, lave pisos, paredes e bancadas com água sanitária, na proporção de 2 xícaras de chá (400ml) do produto para um balde de 20 litros de água, deixando agir por 15 minutos.
* Tenha cuidado com os alimentos que tiveram contato com água de enchente. Alguns devem ser jogados fora, outros precisam de tratamento especial nestas situações.
* Mantenha os terrenos baldios e as margens de córregos limpos e capinados. Evite entulhos e acúmulo de objetos nos quintais e nas telhas.
* Limpe a caixa d’água regularmente.