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Entenda como vai funcionar o fim da escala 6×1, se aprovado

A medida propõe é acabar com a jornada de 44 horas de trabalho semanais vigente há 81 anos no País. (Foto: Reprodução)

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que prevê o fim da escala 6×1 (seis dias de trabalho por um de descanso) atingiu o quórum de assinaturas necessário para começar a tramitar na Câmara dos Deputados. O projeto, de autoria da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), foi formalizado após uma iniciativa do Movimento Vida Além do Trabalho (VAT), do vereador eleito no Rio de Janeiro Rick Azevedo (PSOL).

Em resumo, o que a medida propõe é acabar com a jornada de 44 horas de trabalho semanais vigente há 81 anos no País, desde que a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) foi publicada, em 1943. Em vez disso, a ideia é reduzir esse limite para 36 horas semanais. O texto proposto da PEC quer mudar o inciso XIII, do artigo 7° da Constituição Federal. Atualmente ele possui a seguinte redação:

“XIII – duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho”.

Já a nova redação desse trecho proposto pela PEC de Erika Hilton é a seguinte:

“XIII – duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e trinta e seis horas semanais, com jornada de trabalho de quatro dias por semana, facultada a compensação de horários e a redução de jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho”.

O fato de o texto ter obtido apoio de quase metade dos 513 deputados federais não significa que ele terá o aval de todos aqueles que assinaram. Para que de fato seja aprovado, ele precisa de 308 votos favoráveis. Assim que for protocolada, a proposta começará a ser discutida na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania da Câmara. O colegiado é presidido pela deputada federal Carol de Toni (PL-SC), que vai designar um relator para o texto. Confira aqui detalhes da tramitação.

Uma fintech mineira criada em 2007 e que atende a cerca de 500 mil clientes já adota, desde 2022, a escala de quatro dias trabalhado por três de descanso. O modelo foi criado dois anos depois do banco digital decidir migrar os seus cerca de seus 500 colaboradores para o modelo remoto. Segundo a fintech, a jornada adotada para a maioria deles é de segunda a quinta-feira, tendo a sexta, sábado e domingo de folga. Porém, para alguns, é adotada uma escala de plantão, de modo a evitar que serviços como atendimento ao cliente e suporte técnico fiquem descobertos.

A empresa diz que o modelo não trouxe prejuízo financeiro algum ao modelo de negócios e ajudou na retenção dos colaboradores, passando de 78% a 90%. Já os pedidos de demissão reduziram 81% desde que a escala foi adotada. Até existe uma sede, em Ouro Preto (MG), dotada de mesa de sinuca, fliperama, pufs e outras dependências para trabalho. A fintech informa que a mantém para os colaboradores que moram na cidade ou região irem trabalhar presencialmente, caso desejem.

Os dados indicam ainda que 100% dos colaboradores percebem impacto positivo na saúde integral; 98% se sentem mais descansados e dispostos; e 96% relatam equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.

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