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Entenda o que é a “bomba suja”, que a Rússia acusa Ucrânia de planejar usar

Presidente ucraniano discursou na Assembleia Geral e afirmou que plano sino-brasileiro levanta a pergunta: "Qual é o verdadeiro interesse?" (Foto: Reprodução)

A “bomba suja” que, segundo Moscou, a Ucrânia pretende detonar em seu próprio território, não é um artefato nuclear, mas uma bomba convencional envolta em materiais radioativos destinados a serem disseminados na forma de pó durante a explosão.

O termo “bomba suja”, também chamada de “dispositivo de dispersão radiológica” (ou RDD, na sigla em inglês), designa qualquer artefato que, ao ser detonado, espalha um ou vários produtos químicos ou biológicos tóxicos (ou NRBC, sigla em inglês para nuclear, radiológico, biológico ou químico).

Esse tipo de bomba não é considerado uma arma atômica, cuja explosão resulta da fissão (bomba A), ou fusão (bomba H) nucleares e provoca imensa destruição em um amplo raio. Já a fabricação de uma bomba atômica requer tecnologias complexas de enriquecimento de urânio.

Muito menos complicada de fabricar, a “bomba suja” utiliza um explosivo convencional. Seu principal objetivo é contaminar uma área geográfica, assim como quem estiver na região, tanto com radiações diretas quanto pela ingestão ou inalação de materiais radioativos.

“Uma bomba suja não é uma ‘arma de destruição em massa’, mas uma ‘arma de perturbação em massa’, que busca, principalmente, contaminar e amedrontar”, resume a Comissão Reguladora Nuclear dos Estados Unidos.

O principal perigo de uma “bomba suja” vem da explosão, e não da radiação. Apenas as pessoas que estão muito perto do local da deflagração seriam expostas a níveis de radiação capazes de causar uma doença grave imediata. A poeira e a fumaça radioativas podem, contudo, propagar-se mais e representar um risco à saúde, em caso de inalação do ar ou de ingestão de alimentos ou água contaminados.

Os materiais radioativos necessários para a elaboração desse tipo de artefato costumam ser usados em hospitais, centros de pesquisa e estabelecimentos industriais ou militares.

“As substâncias radioativas procedentes de instalações de armazenamento de combustível nuclear usadas na central nuclear [ucraniana] de Chernobyl podem ser usadas” para fabricar uma bomba suja, disse o general russo Igor Kirillov, encarregado de substâncias radioativas e produtos químicos e biológicos no Exército, em um comunicado divulgado nesta segunda-feira.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, dirigiu-se à nação no domingo (23) para avisá-los de que o Kremlin poderia planejar tal ataque.

“Se a Rússia liga e diz que a Ucrânia supostamente está preparando algo, isso significa apenas uma coisa: a Rússia já tem tudo preparado”, afirmou.

Em março de 2016, a célula terrorista responsável pelos atentados a bomba em Bruxelas planejava fabricar uma “bomba suja” radioativa, após monitorar por vídeo um “especialista nuclear” belga.

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