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Por Redação O Sul | 11 de dezembro de 2019
Vocalista da dupla Roxette, a cantora sueca Marie Fredriksson morreu aos 61 anos por causa de um câncer no cérebro. Em 2002, Marie foi diagnosticada com o tumor após desmaiar dentro de casa e desde então lutava contra a doença. O câncer no Sistema Nervoso Central (SNC) envolve o cérebro e a medula espinhal.
De acordo com Antônio Aversa, chefe da seção de Neurocirurgia do Instituto Nacional do Câncer ( Inca ), os tumores malignos no cérebro são relativamente raros em adultos, correspondendo a cerca de 2,7% dos tipos de câncer, com um discreto aumento da incidência nos idosos. É, entretanto, o segundo tipo de câncer mais comum na infância. A estimativa anual para o Brasil projetada pelo Inca é de 5.800 novos casos entre homens e 5.500 novos casos em mulheres.
Os tumores que se desenvolvem no cérebro podem ser primários – quando as células cancerígenas são originárias do próprio tecido cerebral – ou secundários – quando ocorre por causa de metástase de outro câncer, como o de mama, pulmão e pele. Os tipos secundários são os mais frequentes.
Pelo fato de não haver exames preventivos para diagnosticar o câncer no cérebro, é preciso ficar atento aos sinais de alerta. Eles podem surgir em momentos iniciais ou avançados do tumor, já que dependem de onde ele está localizado. Os sintomas mais frequentes são: dor de cabeça muito forte que pode estar associada a náuseas e vômitos, crise convulsiva, alterações de equilíbrio, de visão ou de audição, alterações da fala ou da capacidade intelectual (compreensão, raciocínio, escrita, cálculo, reconhecimento de pessoas).
“Se você notou alguns desses sinais, procure um médico. O tratamento precoce é sempre melhor. Não negligencie os sintomas”, orienta Carolina Fittipaldi, médica oncologista da Oncoclínicas.
De acordo com a especialista, a maioria dos diagnósticos ocorrem na emergência, quando os pacientes procuram ajuda médica após uma crise de dor de cabeça muito forte ou por causa de um episódio convulsivo. A lesão é identificada por exames de imagem como tomografia computadorizada e ressonância magnética com contraste.
De acordo com o Inca, alguns fatores aumentam a chance de desenvolvimento do câncer cerebral, como exposição a radiação ionizante (profissionais que lidam com raios-X, pessoas que se submetem à radioterapia ou a exames excessivos com radiação) e deficiência do sistema imunológico (que pode ser causada pelo vírus HIV ou pelo uso de medicamentos ou drogas que suprimem o sistema imunológico).
“O tratamento depende muito do tipo de tumor e da localização dele no cérebro. Por tratar-se de uma área nobre é importante que seja avaliado por uma equipe médica especializada que conte com neurocirurgião, oncologista e radio-oncologista, já que para alguns tipos de tumores é necessário complementar o tratamento cirúrgico com radioterapia e/ou quimioterapia. Todos os casos devem ser avaliados de forma individual de acordo com as características do tumor”, diz Carolina.
Todo o tratamento é conduzido por uma equipe multidisciplinar, que além do neurocirurgião, inclui oncologista clínico, fisioterapeuta, enfermeiro, fonoaudiólogo e nutricionista, por exemplo.
Os tumores geralmente são classificados de grau 1 a 4, sendo grau 1 benignos, grau 2 de baixo grau de malignidade e graus 3 e 4 de alto grau de malignidade.
“Os benignos são na maioria das vezes curados com cirurgia. Os de grau 2 estão associados a uma sobrevida longa com manutenção da qualidade de vida de muitos anos e eventualmente por décadas. Os gliomas de alto grau são mais agressivos e associados a uma sobrevida menor”, finaliza Antônio.