Sábado, 18 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 29 de maio de 2023
Na primeira semana de maio, o valor era de R$ 4,99, e nesta segunda-feira (29) a R$ 5,01
Foto: Marcello Casal Jr./Agência BrasilAs eleições 2022 foram marcadas pela polarização entre candidatos e eleitores de direita e esquerda. As rodas de conversa de bar a cada dia se falava vez menos de futebol e muito sobre quem deveria ser presidente do país pelos próximos quatro anos.
Os apoiadores de Lula tinham seus argumentos, e os de Bolsonaro os deles. A frase “se o Lula vencer, o dólar vai disparar” foi muito dita por aí em sinal de alerta.
Meses se passaram e a moeda americana não disparou, mas caiu. No dia 4 de janeiro, a cotação do dólar chegou a R$ 5,45. Um mês depois, o preço estava definido em R$ 5,14.
No início dos meses de março e abril, a moeda custava R$ 5,20 e R$5,07, respectivamente. Na primeira semana de maio, o valor era de R$ 4,99, e nesta segunda-feira (29) a R$ 5,01.
A economista Maria David, formada pela Pontificia Universidad Católica de Chile, explica que ”a cotação do dólar responde a vários parâmetros”.
“Depende da situação interna da economia brasileira, mas também das condições internacionais. A cotação é uma paridade entre o poder de compra da moeda nacional, o real, e de uma moeda conversível. Portanto, responde ao nível de atividade econômica, à variação dos preços e ao movimento de capitais”, disse.
Para Maria, a queda do dólar se deu porque o Brasil ”tem taxas de juros elevadas e isso estimula a entrada de capitais externos, pois a remuneração fica mais elevada”.
O economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Mauro Rochlin, salienta que um dos motivos para a queda é a nova proposta orçamentária brasileira, aprovada nesta semana na Câmara dos Deputados.
”A queda do dólar, fundamentalmente, está relacionada ao novo arcabouço fiscal. É uma proposta de disciplina fiscal, que é vista como um compromisso de austeridade com as contas públicas. Isso reduz a sensação de risco dos investidores”, explicou.
Maria também citou que uma ”maior estabilidade econômica, sem dúvidas, influência nas expectativas dos investidores”.
A queda é boa ou ruim? Para Maria, a questão pode ser prejudicial para as exportações, uma vez que muitos produtos vendidos pelo Brasil têm o preço fixado no dólar.
A economista ressalta que os itens importados ficam mais baratos, ”desde o trigo até componentes de bens industriais”, disse. Isso pode representar uma redução no custo final de determinados produtos.
Sobre a chamada “cotação ideal”, Rochlin, acredita que ”não existe uma taxa de câmbio ideal”.
“Existe a taxa de câmbio do dia, aquela que faz com que oferta e demanda se equilibrem”, complementa.
Maria acredita que ”uma das variáveis mais difíceis de prever é a taxa de câmbio”.
“A chamada taxa de câmbio de equilíbrio vai responder a todas as variáveis citadas anteriormente. Vai depender muito do comportamento da taxa de juros nas econômicas desenvolvidas e especialmente nos Estados Unidos e do desempenho destas econômicas, que afetam diretamente os fluxos de capitais para o Brasil”. Mauro também finaliza indicando que não há como fazer qualquer tipo de previsão.