Com o verão e a proximidade do Carnaval, é comum ver nas academias frequentadores empolgados com pré-treinos turbinados com cafeína, que prometem resultados mais rápidos. Nas redes sociais, há milhares de vídeos, inclusive com adolescentes, sobre seus “efeitos milagrosos”. Mas atenção: não é bem assim!
Vendidos em cápsulas ou como bebidas, os pré-treinos são estimulantes que usam como base, principalmente, cafeína e podem ser comprados sem prescrição médica. Na internet, há inúmeras marcas anunciadas.
No entanto, eles não são indicados para todas as pessoas e têm uma série de riscos. Arritmia, palpitação, ansiedade e muita adrenalina são alguns dos sintomas de quem toma esse suplemento sem orientação profissional.
As bebidas e cápsulas de pré-treino chegam a ter 300 mg de cafeína por dose, quase o limite diário recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) de 400 mg. Para quem tem problemas cardíacos, o uso pode ser fatal.
O que especialistas explicam é que a cafeína é indicada apenas para atletas profissionais e com acompanhamento médico.
“A cafeína como pré-treino só é recomendada para atleta de alto nível, que compete. É para quem os milésimos de segundos fazem diferença no pódio. Há muitos riscos e qual o benefício de se arriscar para melhorar em segundos a sua corrida na esteira? A substância não é capaz de fazer as pessoas saírem de amadoras para atletas profissionais”, diz Bruno Gualdano, professor do Centro de Medicina do Estilo de Vida da Faculdade de Medicina da USP.
O que é o pré-treino e como age no corpo? O pré-treino é um tipo de suplemento, líquido ou em cápsulas, à base de estimulante. Ele é usado com o objetivo de aumentar o rendimento em atividades físicas de alta intensidade.
A principal substância usada é a cafeína, a mesma encontrada no café, que atua no sistema nervoso. Como isso funciona:
– As doses usadas variam de 200 mg a 300 mg.
– Essa alta dosagem faz com que suba a quantidade de cafeína no cérebro, liberando mais dopamina e adrenalina, que são neurotransmissores de motivação energia.
– Além disso, a cafeína ainda bloqueia a adenosina, um neurotransmissor que dá ao corpo os sinais de cansaço.
O resultado é a melhora do estado de alerta e do reflexo, dando também mais energia para suportar o stress de exercícios de alta intensidade e produzindo força por mais tempo.
A médica do esporte e coordenadora do laboratório de medicina esportiva do Hospital das Clínicas de São Paulo, Fernanda Rodrigues Lima, explica, no entanto, que os efeitos são vistos em números mínimos.
“A gente usa a cafeína com atletas profissionais para competição em que percentuais mínimos vão fazer a diferença. Não é um resultado que é perceptível, mas um estímulo para chegar segundos mais rápido que o oponente em uma corrida, por exemplo. A cafeína não é a responsável por todo o resultado, mas é um estímulo”, diz Fernanda Rodrigues, médica do esporte e coordenadora do laboratório de medicina esportiva do HC.
Para quem o pré-treino com cafeína é recomendado? A médica do esporte Fernanda Rodrigues explica que a cafeína como pré-treino só é indicada para atletas de alto rendimento e competidores profissionais.
Não há qualquer indicação para pessoas que apenas fazem musculação, caminham ou praticam qualquer atividade de forma amadora.
“A gente usa isso com atletas profissionais e, mesmo assim, só em casos específicos. Nem com o atleta profissional a gente pode usar todos os dias, inclusive porque o corpo pode criar uma adaptação àquele alto volume de cafeína, que deixa de ser eficaz como antes”, explica Fernanda.
A contraindicação vem com o alerta dos médicos sobre o efeito da substância no corpo, principalmente no coração, que, em alguns casos, pode ser fatal.
A diferença entre as cápsulas ou bebidas pré-treino e o café de todos os dias é o tempo de entrega da quantidade de cafeína. É possível chegar a 400 mg de cafeína com o café, mas, para isso, são necessárias até quatro xícaras (e não se toma esse volume em minutos). Já com o pré-treino, sim, e isso pode sobrecarregar o coração.
No cérebro, a cafeína estimula a produção de adrenalina no corpo, que é uma substância vasoconstritora. Com isso, ela estreita os vasos sanguíneos, elevando a pressão arterial e a frequência cardíaca.
Há outros efeitos colaterais como: agravamento de quadros de ansiedade, vertigens, insônia, problemas de estômago e diarreia.
Além disso, a cafeína é um diurético, substância que atua nos rins aumentando a eliminação de água do corpo. Com isso, a pessoa pode desidratar e sobrecarregar o rim. As informações são do portal de notícias G1.