Sexta-feira, 27 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 20 de janeiro de 2024
O líder norte-coreano, Kim Jong-un, anunciou esta semana a Coreia do Sul como seu “principal inimigo”, dissolvendo agências de cooperação e reunificação e ameaçando iniciar uma guerra caso seu território seja violado, mesmo que “0,001 milímetro”. Além disso, a Coreia do Norte realizou testes de drones nucleares subaquáticos como resposta a exercícios militares conjuntos da Coreia do Sul, Estados Unidos e Japão.
Os testes do sistema de drones, denominado Haeil 5-23, foram conduzidos na costa leste do país, em resposta aos exercícios militares dos três países mencionados. O governo norte-coreano justificou os testes como uma medida defensiva diante das atividades hostis da marinha dos EUA e seus aliados.
A mudança na relação entre as Coreias marca um cenário tenso, pois Kim Jong-un declarou a Coreia do Sul como o “principal inimigo”, fechou agências de cooperação e fez ameaças de invasão durante um eventual conflito.
Analistas apontam que a classificação da Coreia do Sul como “principal inimigo” representa uma mudança significativa, eliminando canais de comunicação que antes existiam para controlar possíveis conflitos armados. A retórica agressiva aumenta a possibilidade de um conflito militar, o que poderia ter repercussões mais amplas.
Especialistas observam que a Coreia do Norte, ao se aproximar de Moscou e fornecer mísseis para a guerra na Ucrânia, busca apoio internacional para seus objetivos. Enquanto isso, a Coreia do Sul adota uma postura firme em resposta a qualquer provocação, o que intensifica os riscos de um possível confronto.
Com a atual escalada de tensões, analistas acreditam que os dois países estão em um momento crítico, com uma crescente possibilidade de serem arrastados para um conflito armado. A comunidade internacional observa com apreensão os desdobramentos dessa crise, que pode ter impactos significativos na estabilidade da região.
O que aconteceu?
Após anos de piora das relações, o governo da Coreia do Norte declarou esta semana que a Coreia do Sul é seu principal inimigo, fechou agências que trabalhavam na cooperação entre os dois países e na eventual reunificação coreana. Também houve ameaças de invasão do Sul durante uma guerra.
Hong Min, analista do Instituto Coreano para a Reunificação Nacional, de Seul, disse à agência de notícias AFP que é uma mudança importante porque, “no passado, quando havia risco de conflito armado, havia um canal (de comunicação) de apoio para mantê-lo sob controle. Agora não existe nada disso.”
A Coreia do Norte se livrou de todos os mecanismos intercoreanos para evitar que os conflitos fiquem fora de controle, afirma Hong.
“A classificação do Sul como o ‘principal inimigo’ do Norte não é apenas retórica: as palavras podem levar à ação”, diz.
Possível ataque
Kim disse que não tem intenção de iniciar uma guerra, mas também não pretende evitá-la. Ele declarou que não reconhece mais a fronteira marítima “de facto” entre as duas Coreias, e seu Exército realizou vários dias de manobras com fogo de artilharia real na área.
Isso cria uma possibilidade crescente de que ambos os lados se envolvam em um conflito militar, o que poderia levar a um conflito mais amplo, diz Hong.
Além disso, a Coreia do Norte se aproximou de Moscou e, segundo os americanos e os sul-coreanos, forneceu-lhe mísseis para a guerra na Ucrânia em troca de ajuda para seu programa de satélites.
A Coreia do Sul ameaçou adotar uma resposta muito mais forte a qualquer provocação, uma postura dura que também acarreta riscos.
“Nunca é inteligente que a Coreia do Sul ou a Coreia do Norte adotem uma estratégia radical em questões intercoreanas”, afirmou o jornal sul-coreano Hankyoreh, em um editorial.
“Quando a Coreia do Norte for mais imprudente, esperamos que o governo concentre seus esforços em lidar com a situação”, diz o jornal.
E agora?
O professor de Estudos Militares na Universidade Sangji Choi Gi-il, em entrevista à AFP, afirma que agora os dois países estão no momento de maior possibilidade de serem arrastados para um conflito armado. “Suponhamos que haja vítimas civis e militares em uma futura provocação do Norte. Atacamos o ponto de origem com mísseis. Mas será que também vamos atacá-los com a nossa Força Aérea?”, questionou.
Em 2010, quando a Coreia do Norte bombardeou uma remota ilha fronteiriça em Yeonpyeong, matando quatro pessoas, os caças F-16 dos sul-coreanos estavam no ar, prontos para atacar, mas o então presidente Lee Myung-bak cancelou a ação para evitar uma escalada. “Se tivermos um incidente semelhante, não há garantia de que o poder aéreo não será utilizado face a estes apelos belicistas” da administração sul-coreana, diz o professor.
A resposta do Norte poderia levar a península a uma guerra total no pior cenário, segundo ele.