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Entenda por que as caixas-pretas são fundamentais na investigação da queda de avião em São Paulo

Caixa-preta de avião envolvido em acidente aéreo que ocorreu em Vinhedo (SP). (Foto: Divulgação/FAB)

Recuperadas no início da noite pelo Centro de Prevenção e Investigação de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), as duas caixas-pretas do avião que caiu em Vinhedo (SP) e matou 62 pessoas na sexta-feira (9) são fundamentais para a investigação das causas do acidente. Inicialmente, a Voepass noticiou que 61 pessoas tinham morrido após a queda do avião. Na manhã de sábado (10), o número de mortes subiu para 62.

As caixas-pretas abrigam gravadores que, se encontrados intactos, contêm informações importantes. Um avião, a exemplo do ATR-72 que caiu, possui duas caixas-pretas:

– Cockpit Voice Recorder (CVR): um gravador de áudio que registra as conversas entre piloto e co-piloto, deles com os comissários de bordo e com o controle de tráfego aéreo.

– Flight data recorde (FDR): um gravador de informações e parâmetros da aeronave, como altitude, velocidade, posição das manetes, botões acionados, entre outros dados técnicos da aeronave ao longo do trajeto.

Com esses dados da aeronave e os áudios da cabine, os investigadores podem entender a dinâmica e os fatores que podem ter contribuído para a queda do avião.

No caso das caixas-pretas encontradas nos escombros em Vinhedo, elas foram levadas à capital federal para verificação se os gravadores estão viáveis. “Estamos prontos para trazer os gravadores para Brasília (DF) para iniciar a extração e obter informações importantes para recontar o acidente”, afirmou o brigadeiro Marcelo Moreno, da Aeronáutica.

Segundo a Força Aérea Brasileira (FAB), o Cenipa é referência internacional nesse tipo de investigação, mas pode contar com a ajuda da fabricante se não conseguir extrair os dados e áudios.

“Nós temos a capacidade de fazer a obtenção desses dados, mas, em função da gravidade do evento, o gravador é exposto a uma temperatura tão alta que os equipamentos internos se danificam, impossibilitando a extração. Mas quando isso ocorre, temos acordo de parceria com agências de investigações, da França, Canadá ou dos Estados Unidos”, explicou o brigadeiro.

Origem

Obrigatórias na maioria dos aviões em aviões, as caixas-pretas foram inventadas, segundo a Reuters, ainda em 1950 pelo australiano David Warren. Ela mantém gravadores a fim de identificar as causas de acidentes e, assim, ajudar na prevenção deles.

As caixas-pretas não são realmente pretas. Elas são pintadas de laranja, uma cor que pode ser vista à distância, debaixo da água e no meio escombros e, desta forma, facilitar nas buscas.

Após o resgate das caixas-pretas, técnicos retiram o material de proteção e limpam cuidadosamente as conexões para garantir que não se apaguem acidentalmente os dados.

Depois, o arquivo de áudio e demais dados devem ser baixados para uma plataforma segura onde ficam copiados. Mas ainda é preciso decodificar os arquivos brutos e produzir gráficos que poderão, assim, ser lidos pelos investigadores.

Há também uma análise cuidadosa de sons e ruídos captados, que podem apontar irregularidades e até mesmo explosões.

Elas sempre foram desse jeito? Não. As caixas-pretas atuais guardam as informações em memórias do tipo SSD (Solid-State Memory), um substituto do HD bastante comum em computadores. No entanto, os primeiros dispositivos guardavam – bastante menos informações – em conexões de fios ou chapas metálicas.

As gravações ficam protegidas dentro de um revestimento capaz de resistir mais de 3,4 mil vezes a força da gravidade durante a queda.

Mas então por que não revestir todo o avião com esse material? Porque seria impossível alçar voo. Segundo o Museu Smitshonian do Ar e do Espaço, a maior parte das caixas-pretas são envoltas em aço, um sólido bastante resistente, mas também pesado.

Fazer um avião inteiro de aço o faria pesar muito mais e seria difícil voar. Os aviões são feitos de alumínio, que é mais leve, e são reforçados em torno de uma estrutura de aço e titânio. As informações são do portal de notícias G1.

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